quinta-feira, 28 de março de 2013

Sê tu.

O pior ponto (quase) sem retorno é aquele em que, em voz ténue, alguém te diz segundo sim, segundo sim: "Quem és tu?" . Tudo porque não conseguiste lutar contra o que te fazia deixar de ser tu mesmo.

sexta-feira, 22 de março de 2013

No outro dia, enquanto esperava pela minha vez na fila interminável que se forma na casa-de-banho feminina dos Armazéns do Chiado, uma mulher já idosa abordou-me e após dois dedos de conversa emocionou-me com um "Eu já tenho oitenta anos, mas tu és tão linda e tens a vida toda à tua frente".

Parece-me injusto, no entanto, que aos dezassete anos seja confrontada com o peso de uma vida toda à minha frente. Tantas portas abertas diante de mim, um milhão de caminhos que posso tomar e na minha casmurrice e teimosia sinto que apenas um posso tomar, ou tenho o direito de tomar. Talvez esteja relacionado com toda a minha maneira de encarar a vida, com as certezas e receios que tenho: aquela sensação intimidante do destino a espreitar. Há apenas um caminho e cabe-me a mim encontrá-lo.
Não tenho a vida toda à minha frente, tenho somente uma vida toda à minha frente e um medo profundo de não a conseguir ver. E isso consome-me noite e dia.

terça-feira, 12 de março de 2013

Ela queria morrer.

Ela queria morrer. Quer cair ao chão e nunca mais se levantar. Pergunta-se porquê, porquê a razão de a tratarem assim. Tratarem-na como se ela não fosse nada. Grita porque não quer realmente morrer, mas a vontade é de ficar sem sentimentos, sem qualquer tipo de moção, tornar-se naquela rapariga que não sente nada. Deram-lhe tantas promessas, tantos sonhos, tantas vitorias que iria conseguir ganhar, mas só a fizeram iludir de falsas esperanças, de falsos sorriso, de sonhos que nunca teve.

sábado, 2 de março de 2013

Naquele momento em que me encontro sozinha sinto todos os meus complexos a colapsarem diante de mim. Ressoa baixinho, aos meus ouvidos, uma pequena e suave melodia de um dia a nascer. Oh tristes olhos, cresçam um pouco e reconheçam o bom que há no mundo: a sensibilidade de um círculo que se completa, a brevidade de uma vida a despertar. Adeus companheiros, outra viagem me espera.