terça-feira, 30 de junho de 2009

corte


soubeste sempre como me levantar,
escondeste-me atrás de ti quando precisei de protecção,
tapaste as minhas lágrimas com a tua sombra.

eras mais que um vício, mais que uma tentação.
era pelo teu nome que me reconheciam, eras a minha total identidade.

sempre me soubeste cobrir e proteger dos perigos.
éramos inseparáveis, há anos!

mas sabes? tudo tem um fim, ainda que doloroso.
faz hoje uma semana que te cortei da minha vida, até voltares a crescer nela!


não é um adeus, é um até já!

cortei-te e perdi a identidade, eras mais que uma simples gadelha.

{faz hoje uma semana, cortei o meu cabelo}

Silêncio da [c]alma


Uma vez, alguém disse-me ...

" Não são as distâncias que separam as pessoas,
são os silêncios e a falta de Amizade. "






Eu subscrevo e assino por baixo!
tocas-me no braço e apareces por magia, como de rotina se tratasse. os meus olhos transformam-se em pérolas e a voz sucumbe de espanto, mentalizada de uma hora longa de chegada. respiro fundo e esboço um sorriso. levanto-me, dou três voltas e disparo com perguntas. lembrando-te a criança que conheceste a poucos dias, meses ou até anos, sabe-se lá onde. acalmas-me, repousando a cabeça no meu ombro e mexendo-me na barriga. nada procria nela a não ser o borboletar do alívio da tua partida do longe.
encaminho-te para algum lado onde se veja o céu. escuro, carregado de raiva. é assim que me sinto. sabes bem qual é a razão mas, o teu palpitar de mãos é sempre uma benção.
queixas-te de como está calor e eu digo que sufoco com a humidade, um ambiente tropical instala-se em mim. desvias-me da janela e levas-me até às profundezas, onde o frio apaziguador habita. seria a hora certa de me dizeres que tens saudades, mas não.
em vez disso, agarras-me as mãos e perguntas como vamos ultrapassar isto que me mói.
enlaçaste em mim com perguntas que me clarificam e despertas-me senso racional.
a partir daqui concordo com cada palavra tua. e nem o céu consegue superar a beleza dos teus olhos que encravam os meus, nem a honrada maneira de me apoiar.
meu amor, a tua estabilidade tem sempre hora certa.

segunda-feira, 29 de junho de 2009



"O Verão é uma das quatro estações do ano. Neste período, as temperaturas permanecem elevadas e os dias são longos. Geralmente, o verão é também o período do ano reservado às férias..." bla bla bla

Chegou o Verão! Dizem por aí que é a melhor estação de todas as quatro, e eu, possivelmente, concordo. De facto, é a época do ano em que se vê mais sorrisos na cara das pessoas. O paizinho esquece a crise e investe o dinheiro que não tem em uma ou duas semanas de férias com a família na praia. Verão é a época de se falar dos cremes e da depilação, e não esquecer também que é nesta altura que se aposta no exercício físico. Afinal o papá ou a mamã passam 10 meses sentados no sofá a ver televisão e a reclamar que não recebem o ordenado ou que é pouco para aquilo de que necessitam, e por isso é estritamente necessário recompensar o corpo para que se o possa exibir na praia em frente aos amigos e amigas. É também a altura da mãezinha limpar a casa (as que se importam com a sujidade), e após as limpezas, juntar os trapos e partir rumo à praia com a família. É também tempo de as amigas se juntarem por baixo do mesmo chapéu, discutindo as novidades das mais premiadas revistas do mundo cor-de-rosa, a Caras, TV7Dias ou a Flash, comentando as estrias da Elsa Raposo ou a dieta da Júlia Pinheiro, e esquecendo mais uma vez a crise que assola o país e o mundo. Está sol e por isso temos de aproveitar os efeitos que ele tem inevitavelmente sobre o nosso estado de humor. Os homens, por sua vez, comentam os jornais, ora a Bola ora o Expresso. E ali bem perto, ainda se ouve o grande Quim Barreiros alegrar mais uma milésima edição do Portugal no Coração em digressão pelo país e em directo para a RTP1. As crianças saltam e gritam de alegria, dançando com as avós e os avôs a música popular de que tanto nos orgulhamos.
Lá à frente, à beira mar não podem faltar as discussões entre marido e mulher, em que a Lena diz para o Zé "Oh zé olhás crianças homem", e à qual o Zé responde "Oh mulher, deixa-as brincar à vontade". Por sua vez, as crianças gritam e atiram areia e água para cima de toda a gente, e o tio que está a tentar dormir passa-se, levantando-se da toalha para dar uma chapada ao miúdo que lhe atirou areia para cima da cara. Quando por fim se volta a sentar na toalha, passa uma boazona por ele, à qual retribui um olhar tentador, fazendo com que a mulher do tio se levante e comece aos berros no meio da praia. Ali bem ao lado, o avô compra uma bola de berlim ao neto de 90kg, às escondidas, porque a mãezinha não deixa o miúdo comer porcarias.
Por cima de todos eles, reina um sol explêndido e um tempo espectacular. Tomam-se banhos de sol e de água cristalina, dá-se cor ao corpo e desenham-se sorrisos no meio do estardalhaço que é esta época de felicidade, afinal estamos no Verão...!

Foto: praia nos anos 60

domingo, 28 de junho de 2009

saudades


Tenho saudades tuas e o seu reconhecimento devia ser suficiente para me sentir mais leve. Sinto saudades das tuas mãos na minha cintura, da tua boca na minha, dos teus olhos nos meus. Sinto saudades de te abarcar em mim, de sentir a tua visão trespassar-me o corpo dormente do teu toque confuso. Sinto saudades da música da tua voz. E pode parecer limitado, pode parecer insípido, mas tenho saudades tuas, daquelas mais puras, daquelas mais insuportáveis.
É tarde e não te espero. Sei que não vens. Tenho saudades tuas e tu não sabes o que dizer. Tu, que tão bom és com as palavras. Eu, que tantas vezes me pus á tua escuta, deleitada nessa desenvoltura, nessa diferença, esperando que alguma vírgula tua me caísse nas mãos molhadas da água que deixo correr pelo corpo nervoso do teu. É tarde e penso em ti, conformada com a tua ausência. Sabia que não virias. Só não sei quando vens.
E vais facilitando a minha saudade, esticando a corda do amor impossível de abdicar, navegando na certeza de que estarei sempre aqui, saudosa e apaixonada. Talvez assim fique para sempre, mas um dia a corda rompe com o passar dos dias, um dia a saudade mata de vez e não deixa nada mais para trás a não ser um coração frio de decomposição. Ainda tenho saudades tuas, ainda estou apaixonada, ainda sou capaz de esticar a corda, sentindo o corpo frágil dilatar num desassossego.
Não demores muito. Não posso prometer nada. A saudade de mim é também muito grande.

Vale a pena?











Liguei-lhe:

- Pergunto-me se vale a pena. (choro)

- O que, tanto te perguntas tu, o quê? (silêncio, alguns momentos)

- Se vale a pena esperar para ouvir a tua voz ao meu ouvido. (não hesitante, mas ainda a chorar)
- Tu estás a ouvir-me ao teu ouvido.
- Não é isso, tu sabes que não é isso. (quase soletrando)

- Amo-te. (e desligou)


Voltou a ligar mais tarde:

- Amo-te. (e desliguei)

Permaneço em espera.

sábado, 27 de junho de 2009


não há necessidade de mentir, dizer que não há forma de eu fugir sem te perderes. não me digas que sou a culpada, não te culpes a ti mesmo para eu ficar. vou embora deste jardim, agora sem vestígio de vida. despi o passado, como ainda me encontras? o nosso fogo queimou-nos. sacrifica o teu ar e afoga-te de corpo desfeito em águas mortas. eu não estou perto de ti; nem pedi unidades de salvamento. chegámos antes de partir, por onde queres ir? a corrida já acabou. toda esta luta, esta derrota, esta dor. não basta fingires, podes parar, não basta o mar alto em que remas. eu vi o fim há muito tempo. nada de mim mudou, eu só desisti de procurar.
foi só por me teres julgado cega; eu não desesperava por companhia. pergunta o que quiseres, eu não vou responder.

imagem de luís belo

quinta-feira, 25 de junho de 2009

tu.

o teu olhar, profundo, completa o meu, é colorido o imaginário do teu sorriso. és tu quem, secretamente, pinta de todas as cores os esboços dos meus sonhos. encontrei-te um dia, como por acaso, e tornaste-te o meu único refúgio.
há um olhar qualquer, sem ser o teu, a espreitar-me do fundo dos teus olhos. há uma voz qualquer, não é a tua, que grita da tua garganta. há um perfume qualquer, que não o teu, que emana dos teus braços. há um sorriso qualquer, sem ser o teu, que enche a tua face. como se tu tivesses mudado, e eu já não fosse importante.
tenho medo de acordar e estares perdida nos braços de outro. tenho medo de olhar para o espelho e não te ver. já não suporto a tua ausência.
se me procuras, porque insistes em não me encontrar?

...

arrasou-me um pesar, uma mágoa que contem nos olhos os sonhos de um imortal. arrasta as palavras, suscita a loucura nos mais ínfimos níveis. destrói as quimeras que, pouco a pouco, começam a despedaçar-se e a flutuar por aí, alheias ao desespero e a qualquer súplica. roguei, do alto da minha inconsciência, para que não sugassem a minha restante sanidade. queria agora olhar a face desse bicho enorme que me queimara três quartos de vida. abri os olhos e com uma carícia, que bem poderia ser a última, arranquei-lhe a fantasia:
- oh não, eu conheço-te.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Fogo de artifício


Olhava a noite, barata tonta em casa alheia com a família reunida a festejar uma festa qualquer que a mim me passou ao lado. Vi balões suspensos por uma chama que eu também já tive, uma chama que tu me deste um dia e que, mesmo um pouco extinta, ainda se conserva no meu peito. O Douro esperava também por mim. Chamou-me algumas vezes, assim como os amigos mais chegados. Eu disse que não, que não estava com disposição. E não estava. Vocês sabem lá o que é rir com o coração ferido, forjar estados de espírito agradáveis quando as lágrimas doem ao sair. Não, eu não queria festa, queria aquilo, a família junta, aconchegada no ar ameno do Verão recente. Afastei-me um pouco deles, apenas para ouvir o meu próprio pensamento. Falava muito de ti. Tu estavas, seguramente, festejando essa festa que a mim me passou ao lado. Convites? Tive-os, mas recusei-os. Tu sabes lá o que me fizeste, sabes lá o que é rir quando as lágrimas secam e não saem. Não, eu não estava com disposição, não queria martelinhos coloridos na cabeça, muito menos multidões enamoradas. Afastei-me um pouco mais, era quase meia-noite. Apreciei um fogo preso, próximo do sítio onde me encontrava. Os meus olhos não pestanejaram em resposta às cores e efeitos impossíveis que eu via formarem-se diante de mim. Deixei-me levar pela música que se ouvia na rádio , lenta, suave, apaixonada. A noite caía quente, acompanhada de uma brisa floral. O fogo não cessava. Estive ali muito tempo, enfeitiçada por cores impossíveis, tal e qual o nosso amor, pois também ele é colorido e impossível. O Douro esperava por mim, cantando nas águas promessas perfeitas. Mas eu fui para casa, recolhida ainda em tristeza e desolação, talvez pena.
És fogo de artifício que me rebenta nas mãos amputando-me o corpo.

terça-feira, 23 de junho de 2009

. amor *

...
Muito antes mesmo de nos tocarmos, o abraço tinha já sido dado. Com as palavras.
E antes, muito antes, com o olhar.

- Conheces estes abraços? Acreditas que é possível?

...

- Acreditas que é possível amar? Acreditas que é possível o amor?
- Sim. Acredito.
- E o que é o amor?
- Nós somos amor!
- Somos?
- Sim.
- E... De que cor é o amor?
- Tu tens cor?
- Eu? Não sei ... Tenho?
- Tens. És um arco-íris.
- E tu?
- Também.
- Sabes, acho que gosto do amor.
- Eu também gosto. Muito.

Sorrisos.

- E não tens medo?
- De quê?
- Do amor!
- Tu tens?
- Tenho ...
- Não precisas ...


Abraço.
Sim. O amor é possível. Sim, assusta-me. Mas, se nós somos amor ...
O amor ... O nosso tesouro?
O amor...
O amor é o que nós quisermos e está onde nós estivermos.
... " porque tudo é mágico e possível à tua volta! "


" Cuida bem do teu coração.
Onde ele estiver, aí estará o teu tesouro. "


[Publicado em morochas a 30 de Janeiro 08]

domingo, 21 de junho de 2009

onde estás?


"the smile on your face
lets me know that you need me
there's a truth in your eyes
saying you'll never leave me
the touch of your hands
says you'll catch me whenever I fall
you say it best
when you say nothing at all"
(Ronan Keating)




disseste que juntos chegaríamos aonde quiséssemos, que nunca haveria pedras negras que nos pudessem separar.

dei-te a mão, que prometeste nunca largar, e fomos ao infinito.
nunca nos deixámos cair um ao outro. acreditei no teu olhar e na verdade que nos unia.
nada nos separaria, estava prometido.

mas em silêncio, no breu da noite, largaste-me a mão.
falámos e prometeste que voltavas,
mas nunca o fizeste.

onde está a tua mão, onde está o teu sorriso e o teu olhar?
onde estás, (melhor) amiga?

sábado, 20 de junho de 2009

é no aconchego de um lençol e um murmúrio de um vai correr tudo bem que adormecemos. e quanto mais me exigirem, pior fico, mais faço.
se é de grandes esforços que nascemos, porque não nutrir esforço em pequenos gestos?
um beijo na testa e boa noite, meu amor.
somos capazes.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Queria

Queria dizer-te alguma coisa, ir ter contigo ou ligar-te apenas, mas depois do que me disseste tudo me parece insuficiente. No início dava voltas à cabeça, ria dos preparativos que me fazia para te ver, sonhava bem alto, tão alto que se ouvia quando passava na rua. Hoje tenho medo de pensar em ti. Trazes imagens que não desejo. Olho para trás na mesma rua onde já sonhei alto e aperto os olhos de dor. Enganei-me. Fui cega. Fui imprudente. Tenho pena de não poder reivindicar nada, de não haver nada para te atirar à cara. Afinal, hoje em dia, não há confiança e as pessoas só se respeitam se houverem pré-tratos e nós nunca tivemos um, nós nunca verbalizamos coisa nenhuma. Eu ainda sou daquelas que acredita nos sentimentos como o bem mais precioso, como o elo mas fraco e o alvo mais fácil de atingir. E eu abri tanto os meus para ti, tanto que se podiam ouvir quando passava na rua. Queria dizer-te alguma coisa, talvez por ainda te querer, por não sentir raiva nem nuvens negras no peito aleijado, mas depois do que passamos tudo me parece insuficiente. Quem me assusta és tu por seres tão cego, embora seja a minha cegueira que me desespera. Eu até que era boa no escuro. Agora percebo porque te encontrava aí. Abriste as persianas e deixaste o sol entrar tão bruscamente que feri a visão turva. Vi tão claramente que ainda hoje não durmo com medo de acordar com claridades como aquela. Queria dizer-te alguma coisa, mas depois da persiana que abriste não tenho voz. Percebe que o erro é teu, que a cegueira é minha e que não posso correr porque não vejo.
Volta e concerta ou desaparece e quebra de vez.

(vermelho) Paixão


Conta as noites de desespero em que me inspiras o sonho, conta os dias, meus, feitos para ti. Conta as palavras que te digo e, que talvez nunca ninguém te disse de forma tão pura. Conta, ainda, quantas vezes bate o meu coração…
Imagina-te de olhos fechados enquanto eu falo para ti em melodia serena. Se o teu toque e o teu perfume me são desconhecidos, posso apaixonar-me, posso apaixonar-me eu pelas tuas palavras, ou apenas pela tua voz, meu amor?

Acredita, hoje, que amanhã o meu perfume estará na tua pele.
Apaixonei-me por ti, permites-me esta paixão?

é por ali, digo eu.

há silêncios que nos assombram, entre caminhos.
mas há outros que até são reconfortantes.
oh, mastigar abraços é óptimo.
é melodia para os olhos e mimo para a alma.
- sabes o caminho?
- sei.
olhei para o lado, com medo dos teus olhos.
- isto está tudo diferente!
- como se não passasses aqui à meses...
na verdade não passo mesmo, mas é esse o caminho.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

escrevi este nome no vento

"(...) há pessoas que chegam nesse inicio, mas que não passam de um meio. outras chegam no meio e aguentam até um fim. mas raro são as pessoas que chegam no inicio e aguentam até ao fim. (...)" Rita Nabo, uma amiga minha

não gosto de reparar nisto, mas a maioria dos nossos amigos não se aguentam ao nosso lado até ao fim. e finjo a dor que isto me provoca.
admirava algumas pessoas.
mas por algum motivo, perdi-as do meu lado. ou cansam-se de mim ou afastam-se sem motivo que levasse a isso. talvez vocês compreendam este segundo aspecto, porque com certeza que já tiveram pessoas do vosso lado e estas acabaram por se afastar de uma forma inconsciente. o tempo acaba por destruir estas leves amizades, e eu que o diga.
custa perder pessoas com o tempo.
mas é tal como a minha amiga disse. são raras as pessoas que estão do nosso lado desde o início e que aguentaram até ao fim.
apesar da dor que as pequenas perdas me provocam, também tenho os orgulhos com o passar dos anos. escrevo nomes que começaram comigo desde o meu início e meio da minha história de vida e que continuam a chorar e a rir comigo.
os nomes Sofia, Raquel, Catarina, Marcelo, Daniel, Ricardo e Patrícia compensam as minhas pequenas perdas. estes são os nomes que o vento me traz, quando tenta entrar pelas janelas da minhas casa. são os nomes que eu desenho no mar, em pleno Verão.
são estes nomes que me tranquilizam. pobre de mim, que tantas vezes não me dou valor.
mas quando penso que estas sete pessoas estão comigo desde o inicío/meio da minha vida, e ainda se aguentam é porque ainda vale a pena. ainda valho a pena.
e é só.
amo-vos.

domingo, 14 de junho de 2009



Sabes… Tenho saudades daqueles sorrisos que sabias desenhar no meu rosto. E de quando, entre troca de olhares sérios, me fazias cócegas, sabendo que eu detestava. Eu ria-me e prendia as tuas mãos. Quando finalmente desistias, levavas os teus dedos à minha boca e, com eles, magicavas sorrisos nos meus lábios, aqueles sorrisos que faziam soltar de dentro de mim faixas de raios e de luz que inundavam o meu coração de algo que não se explica por palavras. De algo mais precioso que qualquer pedra preciosa, que qualquer outra coisa existente neste mundo. Engraçado como este gesto pode ser universal e praticado da mesma maneira por tantas outras pessoas especiais para nós, mas haverá sempre alguém que o fará melhor, de maneira mais tocante, e especialmente, de forma a que seja completamente inesquecível... É dos Teus desenhos de sorrisos no meu rosto que eu preciso todas as manhãs quando acordo.
"Quem te disse que era hora de partir,
Hora boa é sempre hora de voltar,

De partir é sempre hora vem pra cá,

Já perdi noção da hora de esperar"



nos dias de apatia, lembra-te dum entrelaço.
nos dias de nostalgia, lembra-te das vitórias.
nos dias de chuva, lembra-te de um sorriso.
na totalidade, tudo são momentos e é disso que vivemos.
ao saboreares cerejas, desfrutas do momento.
ao veres o horizonte, desfrutas do momento.
sorris, não sorris?
fica, porque quando partires, já não vai ser o mesmo quando voltares.
arde de ti para mim, a qualquer hora da madrugada.
pode ser escasso o tempo, mas proveitoso sempre será.

sábado, 13 de junho de 2009

amor platónico

vi uma flor parecida contigo.
estendi-lhe a mão, devagar, e colhi-a, junto ao precipício.

toma, é para ti, meu amor.
leva-a contigo para casa e guarda-a.
mas não a ponhas numa jarra onde acabará por murchar,
guarda-a num livro, no teu preferido.

meu amor, esta flor somos nós.
guarda-a na tua página preferida, e abre-a todos os dias.

vou sonhar contigo meu amor,
boa noite.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Voar



Hoje acordei com uma enorme vontade de voar. Ajudas-me? Queres que te leve comigo, ou serás apenas mais um peso morto para carregar? Não temos asas, mas também nunca precisámos delas. Rápido meu amor, o dia já vai longo e eu tenho um sonho para concretizar.

Recto, impenetrável

A mim, nunca te deste a conhecer
As palavras, em silêncio, as escondias
As desilusões e a dor que sentias
Eram mais místicas que o entardecer

Talvez tivesses algo a temer.
Querendo eu desvendar essas tuas magias
Unia, delicadamente, nossas mãos frias
E te ia seduzindo, sem perceber...

Balbucinavas para articular
Mas acabavas por desistir
Como se eu fosse o teu destino cruel

Códigos impossíveis de desvendar
Memórias impossíveis de descobrir
Assim mesmo és tu, meu amor, nunca amoldável

a primeira parte do estudo das espécies de Humanos

hoje pergunto o motivo de sentir nojo da grande maioria das pessoas.
sempre tive a noção de que ser verdadeiro, não quer dizer que seja uma das melhores qualidades que eu possuo.
e por causa disto mesmo, as pessoas estão a meter-me nojo.
se pessoas que vivem na ilusão (uma das espécies que habitua num lugar bem próximo de ti, talvez no teu jardim) vêm ter comigo, então não se queixem de ouvir a verdade. acordem para a vida!
estou de consciência tranquila.
mas uma coisa é certa, estou tal como um animal. prefiro estar isolado da população que se alimenta de estupidez, mentiras e ilusões e assim não correm o risco de eu arrancar um pedaço, numa atitude de raiva.
e continua a dúvida. assim como a minha investigação desta espécie de seres humanos.
meu deus, porque é que algumas pessoas metem mesmo nojo com as suas atitudes?

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A salvo (por enquanto)



Sim, está tudo bem. Sorrisinho aqui, aceno de mão ali, gargalhada vazia acolá. Tudo no seu sítio, a vida a correr bem, caras bonitas e jovens, cheirinho a Verão no ar. E quem olhasse de longe para mim, no meio da multidão, havia de dizer que tinha graça, pitada de meninice e maturidade, havia de gabar a minha fita cor-de-rosa, comentar o que trazia vestido, reconhecer que não me destacava por nada em especial. Sim, uma rapariga normal, com sorriso rasgado e vida feliz. E eu, se os ouvisse, havia de dizer que tenho fingido estados de ânimo positivos, que para mim tem sido sempre Inverno. Os meus olhos conheceram a tua água hoje pela primeira vez enquanto, de pente preto na mão direita, domesticava o cabelo que me saiu na rifa. Mas não chorei. Inspirei fundo, pus uma música tola qualquer na rádio e olhei fixamente a luz. Resultou. Nem pinga. Ainda estou a salvo. A tua ausência mata e eu não sabia. As recordações passam em câmara lenta pelos vidros das montras de rua, pelas partituras que tenho que enfrentar, pelos espelhos que antes reflectiam a nossa imagem.

A tua ausência mata e eu não sabia.

Eu não sabia quando te disse que sim.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Hoje começo a emitir noutra frequência. Vou mudar por inteiro a temática do meu programa que durante este ano falou do que não interessava, falou daquilo em que nem se devia pensar, daquilo que já estava morto mesmo antes de nascer.
Não me venhas falar de erros e esperanças de mudança, já chega de felicidades invisíveis, de proteger aquilo que nos mata, de sermos aquilo que nunca iremos ser. Não se nota que temos o mundo contra nós? Não vês que temos uma muralha de pessoas e factos contra nós? Se não vês, vejo eu, cada vez mais perto de mim, aproximando-se sem dó nem piedade e desvendando a minha fragilidade - tu.
Não sei quem culpar, neste momento culpo-te a ti para poder avançar mais depressa sem olhar para trás.

''Se ele me tivesse perguntado se eu arriscaria a minha alma por Edward, a resposta seria óbvia. Mas, será que eu arriscaria a alma de Edward? Nunca seria uma troca justa.'' (Lua Nova, Stephenie Meyer)

confronta, de cabeça quente e coração frio.

já despejei três mil e uma coisas que a ti te soam a mentiras, ou pelo menos dizes isso.
não suporto a agonia de isto que nós temos - chamas de amizade, eu chamo de vai e vem - que não se resolve. são erros atrás de erros e por mais que tentes tapar o buraco, há sempre alguém que o pisa e acaba lá enterrado. podemos dizer que é quem se mete entre, por não saber o que ou como fazer para ajudar. tentei incutir-te princípios, como faço em todas as amizades, dar-te boa visão dos teus problemas e arranjar soluções. ter conversas e deambular em parvoeira. também tivemos disso, claro.
desiste de tudo, mas por respeito antes de o fazeres, esclarece tudo.
já que fiz muito, explica. se houve coisas que não te disse e só mais tarde te apercebeste é porque não o queria dizer. simplesmente, fui egoísta e pensei mais em não me magoar.
de qualquer maneira, afastaste-te. quanto a isso, não posso fazer nada.
mas posso sugerir um telefonema. fartei-me de ler palavras que não me soam a nada. e estar pessoalmente, isso vai ser complicado, não vai?
torna-te estável com paciência, porque tu precisas de solidez em amizade.
não, nunca foi amizade.

- e porquê isto, hoje? porque estava a arrumar e lembrei-me de um telefonema.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Chuva

Chove muito lá fora, onde a água das nuvens carregadas me molham as meias coloridas que escolhi de propósito para me fazer mais alegre. Tenho uma pilha de livros em cima da cama mudada de fresco na esperança de que o meu estudo seja, também ele, fresco e produtivo. Quero chegar depressa a casa, vestir o pijama mesmo no meio da tarde e enfiar-me debaixo do cobertor. Se não vens, para quê sair? Mas elas não deixam, empurrando-me para a tentação dos bolos brilhantes e apetecíveis, cobertos de açucares pouco recomendáveis. Barafusto palavras sem nexo, mas elas não querem saber, arrastando-me para dentro do edifício transparente. Subimos, escolhemos as cadeiras cor-de-rosa e, meninas, olhamo-nos com o à vontade habitual. Fazemos o pedido e a senhora, sorrindo da nossa meninice, diz que sim, que vem já. E preparamo-nos para desenrolar histórias alheias, coisas nossas. Ligamos aos amigos, rimos de brincadeiras e piadas pelo meio, fazemos o balanço das saídas em conjunto. Tudo muito certo, muito acolhedor, muito cor-de-rosa. Pagamos e saímos onde a chuva nos traz a realidade fria e dolorosa. Rio, mas o riso soa a falso e elas percebem. Encolho os ombros e provoco um sorriso amarelo, escondendo-me debaixo do guarda-chuva cor de pérola. Não lhes quero explicar a tua cobardia, tão pouco a minha ingenuidade. Deixo as coisas como estão. Na ignorância que tu tanto privilegias É a minha ode a ti. Aproveita.

Chove muito lá fora, mas cá dentro são cântaros que se soltam.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

"Há nascer, há crescer e há morrer. E em cada chegada uma partida. Mas importa que em cada acontecer haja sempre um caminho para a cida. Há nos olhos do outro uma promessa. Cada homem é uma mão estendida. É preciso que nada nos impeça de aí ver um caminho para a vida. Há o olhar sereno de quem ama, há a fé das entregas decididas, há em tudo afinal uma só esperança de trilhar o caminho para a vida." :)

sábado, 6 de junho de 2009

Nunca vou conseguir despedir-me de ti

Hoje saciei a vontade de há muito.
Fui desenhando, entre soluços, pequenas palavras, construindo frases repletas de pudor.
Cheguei até a ter receio reler tudo o que (te) tinha escrito, talvez tenha sido essa mesma a razão porque não o fiz.
Despedi-me de ti não da maneira mais pertinente porque me mostrei fraca "Não quero que voltes, mas tenho saudades tuas, meu amor" e, enquanto os meus dedos te desenhavam (porque tu, ficas tão bem espelhado na palavra amor) eu olhava a rua, estava a chover; A chuva sempre me fez (re)acordar ao teu lado.
Abri a desgasta porta de madeira e descalça, ainda de roupa interior (da forma que tu mais gostavas de me contemplar, dizias que era assim que te sentias em mim), com a (minha/tua) carta de despedida na mão fui sentir cada gotícula de água deslizar sobre a minha pele demasiado quente (a chuva sempre soube ter o mesmo toque no meu corpo que tu).
As palavras entrelaçavam-se umas com as outras, diluídas pela chuva de forma semelhante aos nossos corpos fundindo-se.
Peguei num pouco de tinta dessa (inútil) carta e deixei que ela se incorporasse na minha face molhada.
Nunca me vou conseguir despedir de ti e, desta forma, agora que me olho ao espelho, percebo que sempre fui a palhaça desta história.

diálogos meus, teus.

és uma pedra de equilíbrio, na minha leveza de ser.

dificilmente se explica. desconheço-te à nove ou mais anos e praticamente eras um fantasma, sem interesse. gostava de ter reconhecido à mais tempo, mas só não vê quem não quer e certamente naquela altura tinham-me cegado com grande impacto. saímos do lar à pressa e vamos até ao supermercado comprar pão-do-dia, do lanche ou o quer que seja. alimento para sobreviver a mais uma tarde. somos sempre três ou mais, eu, tu e mais alguém a quem apeteceu umas bolachas ou água de doze cêntimos ou nem tanto. sussurram-te ao ouvido que te fujo das mãos. e tu dizes, que já é normal que eu vá sempre mais à frente no caminho. em avanço estive e foi sempre um defeito meu. mas para ti está sempre tudo bem, não está? essa tua incrível estabilidade é a única que aguenta a criatura instável que se, quase, prostra a outras enquanto te tem como apoio fundamental.
nem eu sei a sorte que tenho, nem eu sei.
e isto tudo, porque somos crianças.
e as crianças aturam-se, porque não são de complicações.
é, se não fosse isso, aguentarias?

quinta-feira, 4 de junho de 2009

há dias e dias

hoje foi um dia normal.
depois de me deitar tardíssimo por ter visto o Orgulho e Preconceito, acordei com as tais marcas nos olhos como se fossem hematomas.
coloquei as pernas à chinês na cadeira, dando voltas regulares com a colher na taça de cereais. ainda meti alguns na boca.
mas depois, um forte encontrão imobilizou-me. um encontrão interior. o meu estômago ganhou vida própria e corri para a casa de banho, onde despejei anos de monotonias e desilusões.
não houve ninguém que me fosse levantar a cabeça da sanita enquanto vomitava.
não houve ninguém que me abraçasse naquele cenário, com o chão de azulejos frios. Não me abraçaram quando estava com o pijama vestido e despido de máscaras.
mas despejei tudo, com as mãos fortes a pressionar a sanita. é incrível como somos capazes de descer de nível tão rapidamente.
no final, lavei a boca e suavemente sequei a minha pele.
no final encontrei-me comigo mesmo e gostei do reflexo no espelho. bastou um dia de vómitos, não vale a pena sofrer de bulimia. daquele tipo em que se mete no wc e espera que alguém apareça para o socorrer.
no final, estou bem comigo mesmo.
foi um dia normal?

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Opressão

Eu não pertenço aqui.
As coisas escapam por entre as minhas mãos,
sinto o silêncio, o ambiente que consome tudo à minha volta.
As casas renegam dignidade e tudo o que tenho aqui é tudo o que foge de mim,
tenho aquele lugar que me espera tal qual como o deixei,
as ruas no seu lugar, o cheiro caracteristico, os sorrisos, as sombras.
Não, eu não pertenço aqui 
e se por acaso a minha alma aqui morrer,
vai ser lá que eu vou ter um fim.


(Fevereiro de 2009, Patrícia G.        "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontates - Luís Vaz de Camões)

Os ventos troxeram-me, eu quis ficar

Sente-me traçar a tua pele repleta de desejos infindáveis como uma pétala suave trazida pelo vento:
Mordo-te o pescoço num só toque, deslizo em sensações molhadas pelo teu peito, cerco-te a cintura em carícias e deixo-me cair pelo teu corpo, mais um pouco, guiada pelo teu último desejo; Queres sentir a minha total suavidade (...)
Vai desejando senti-la enquanto eu, mais uma vez, te vou traçando o corpo calorosamente.
O vento que a ti me trouxe, de ti, nunca me levará.
Terás tatuada uma pétala no teu intimo, um dia, hoje tens a minha presença.

segredo

ter um segredo só meu, de que me serve?

se to contar, deixa de ser segredo ou fica um segredo nosso?

podes guardá-lo, como uma folha, dentro de um livro?
arruma-o na estante de cima, onde só chega o exagero.



tenho um segredo só meu, de que me serve?

sabes guardá-lo?
sim!
eu também...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Obrigada

Para agradecer e convite e para deixar um olá. O que deixarei aqui é tão pouco ou tanto do que sou.
um beijinho com letras.
um até já bem breve *

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Palavras soltas

Hoje vou falar-te ao ouvido, devagar, com a melhor dicção que conseguir e apertar muito os nós dos dedos entre as mãos nervosas. Estou frente a ti como a menina que, em tempos, não me deixaram ser. O meu vestido é branco, simples, humilde, pelo joelho. Aperto, parcialmente, os cachos que me desmaiam costas abaixo e sento-me, cansada, no chão de pedra fria e polida. Doem-me os olhos. Ontem não dormi. Já passei por isto e conheço o buraco em que me meto. O amor que me dás é um eco da minha própria voz. Não há nada teu. Não há marcas para além do teu cheiro que aprendi a gostar, muito diferente das perfumarias caras. É cheiro teu, emana de ti, sem etiqueta, sem preço, cuja amostra conservo na saliva que me secaste. És a gruta escura que me faz resvalar no piso que não vejo, que me faz cair e ferir os joelhos que o meu vestido branco, agora sujo, deixa ver. Dizem-me para fugir, para correr a encosta que me levará a casa sã e salva. Mas eles não percebem que quero perder-me contigo, resvalar no piso incerto e ferir muito para além dos joelhos. Acusam-me de insensatez, de rebeldia, apelam ao meu bom senso. Contudo, eu já perdi a consciência há muito tempo, principalmente quando deixei a minha estabilidade mórbida por causa do teu fascínio. Sei lá se te quero, se te gosto, se te amo. Perde-te de vez comigo no mar alto, no fim do mundo, no meio de flores, de chuva, de arco-íris. Não tragas mochila, não tragas comida. Alimenta-te de mim, sente o que é, verdadeiramente, ter fome de alguém na sua plenitude.

é fácil?

- ama-me.
- como?
- ama-me.
- hum...acho que é fácil, deixa ver.

Rasga-me o corpo, os lábios. Amo-te demasiado para ser fácil controlar este sentimento.
Abraço-te, envolvo-te nos meus braços. Sente o calor do meu coração, das pressões desse músculo, do correr do meu sangue nas veias.
É impressionante a velocidade do sangue nas minhas veias quando estou perto de ti.
Mexe no meu cabelo.
Arrepia-me.
Que mais posso pedir?