sábado, 27 de fevereiro de 2010

bolinhas de sabão

Via-te como a minha maior inspiração, num horizonte longínquo, distante dos pensamentos mundanos. Fingia esquecer-me de todos os segundos passados no telhado, de mãos dadas e corações amarrados, olhando a lua e contando as estrelas. As nossas contas nunca eram compatíveis por isso ficávamos ali, tempo indefinido, a discutir o porquê de um vinte e cinco não ser igual a um vinte e seis, a teu ver, redondinho. Pedias-me sempre para te cantar ao ouvido melodias calmas capazes de enlouquecer um coração tremido, gelado e sentido. Comparava sempre esse momento à nossa infância, quando brincávamos com bolinhas de sabão. Deixaste os monstrinhos da tua folha de papel e juntaste-te a mim e às bolas de sabão, que dentro de si traziam sempre um sonho. Conforme o sítio onde elas rebentassem, imaginávamos qualquer coisa que nos levava a pensar que o mundo ia ser melhor. E era... mas só o nosso.
Hoje deixo-te com uma bolinha de sabão, brilhante e bem especial, que rebentou no meu coração!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010


Há sombras caídas
E corpos em movimento
A escuridão ataca
O som vai-se com o vento

A solidão permanece
Já-se foi a multidão
O barulho terminou
Já nem sequer existe razão

Não há formas, não há cores
Não há textura nem sabor
Há uma brisa gélida,inquietante
Que levou todo o amor

O saber está estagnado
A ilusão acabou
Já não há determinação
Tudo o resto já cessou

Obrigado por me terem convidado a entrar neste blog =)

dá-me a tua mão

Dá-me a tua mão, eu ajudo-te!

Não, deixa-me em paz, eu sei levantar-me sozinha!

Não aprendas a cuidar de ti mesma, viver sozinha é como uma droga pesada: cada vez são maiores as doses necessárias para manter o vício e vais acabar por afastar todos os que te amam.

Mas todos eles acabam por me deitar ao chão!

Se fores tu a cuidar de ti mesma, escavarás no chão a própria sepultura.




A única coisa mais fatal que a dependência aos outros é a sua total independência.

Até amanhã.

Fechei-te n[um]a gaveta. Arrumei-te. Disse-te até amanhã e dei volta à chave.
Tu não tinhas forças para o fazer. Ou não querias.
Agradava-te o facto de eu ter a gaveta aberta para que pudesses sair quando quisesses, mesmo que eu não o quisesse. Então fechei-te.
Não soubeste merecer essa vida que te dei, essa abertura da minha gaveta. E, numa das vezes em que saíste [a última, eu sei], quase deitavas a gaveta ao chão e a fazias em cacos, tal era a tua força.
Por isso tive que te fechar.
Desculpa.
Há dias em que é melhor assim. Fechar-te. Dar a volta à chave e dizer 'até amanhã'.


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

The first one

Quantas oportunidades desperdiçamos?
Quantas vezes não seguimos em frente porque nos preocupamos demais com quem está ao nosso lado?
E depois, quantas vezes nos arrependemos de não o ter feito?
Quantas vezes não fizemos já estas perguntas?
De pouco ou nada adiantou. O que perdemos dificilmente será recuperado.
Temos pena. Lamentamos o que deixámos para trás e não encontramos um sorriso no presente porque nele falta o que recusámos no passado.
E vivemos o agora, cruzando-nos com o antes a todo o momento, moendo o coração e a cabeça, desejando ter pronunciado o sim em prol do não.
Perdemos sorrisos. Desperdiçamos momentos. De que valeu afinal?
[talvez um texto egoísta. talvez não.]

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Fronteiras

Afinal o que fazes tu enquanto eu vejo museus, enquanto piso ruas que não as minhas e amo camas que não as tuas? Afinal o que fazes tu enquanto me curo, enquanto faço malas e carrego baterias para recuar quilómetros de saudades que estupidamente te tenho? Afinal, o que fazes tu enquanto falo noutra língua, enquanto caminho rodeada de monumentos que me obstruem a visão como que compreendendo a fronteira que nos separa, os países que nos acolhem?
Tudo.
Tudo aquilo que fazias quando me metias no carro de bancos largos e as ruas eram pacatas e corriqueiras. Tudo aquilo que fazias quando falávamos na mesma língua e eu pensava que não precisava de viagens, de malas feitas à porta.
Afinal tu sempre fizeste tudo. Quer eu visse museus ou me deitasse na cama contigo.
E aí é que está a fronteira.

meu amor.

tenho na mão uma rosa e nos lábios um beijo para te dar
e toco à campainha.
oiço, lá dentro, ecoar o som estridente que faz seguido de um silêncio.
silêncio de não haver passos em direcção à porta nem risos de alegria.

quebra-se o silêncio com o vento e o bater da porta das traseiras.

ligo-te e dizes que não estás em casa.

ouvi a tua voz dizê-lo na rua de trás mais alto do que no auscultador.


(porque me foges, meu amor?)


Aproveito para deixar a sugestão de visitarem um blogue novo acerca da Língua Portuguesa para o qual quem quiser pode colaborar:
http://seasletrasfalassem.blogspot.com

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Esperança

"A pessoa certa não é a mais inteligente, a que nos escreve as mais belas cartas de amor, a que nos jura paixão ou nos diz que nunca se sentiu assim. Nem a que se muda para nossa casa ao fim de três semanas e planeia viagens idílicas ao outro lado do mundo. A pessoa certa é aquela que quer mesmo ficar connosco. Tão simples quanto isto. Às vezes demasiado simples para as pessoas perceberem. O que transforma um homem vulgar no nosso príncipe é ele querer ser o homem da nossa vida. E há alguns que ainda querem. Os Príncipes Encantados não têm pressa na conquista porque como já escolheram com quem querem passar o resto da vida, têm todo o tempo do mundo; levam-nos a comer um prego porque sabem que no futuro levar-nos-ão à Tour d'Argent; ouvem-nos com atenção e carinho porque se querem habituar à música da nossa voz e entram-nos no coração devagar, respeitando o silêncio das cicatrizes que só o tempo apaga. Podem parecer menos empenhados ou sinceros que os antecessores, mas o que chamamos hesitação ou timidez talvez seja uma forma de precaução para terem a certeza que não se vão enganar. O Príncipe Encantado não é o namorado mais romântico que nos cobre de beijos; é o homem que nos puxa o lençol durante a noite para não nos constiparmos e se levanta às três da manhã para nos fazer um chá quando nos dói a garganta. Não é o que nos compra discos românticos e nos trauteia canções de amor. É o que nos ouve falar de tudo, mesmo das coisas menos agradáveis. Não é o que diz Amo-te, mas o que sente que talvez nos possa amar para sempre. Não é o que passa metade das férias connosco e a outra metade com os amigos; é o que passa, de vez em quando, férias com os amigos. O Príncipe que sabe o que quer, não é o melhor namorado; é o marido mais porreiro. Não é o que olha para nós todos os dias, mas o que olha por nós todos os dias. Que tem paciência para os meus, os teus, os nossos filhos e que ainda arranja lugar para os filhos dos outros. Que partilha a vida e vê em cada dia uma forma de se dar aos que lhe são próximos. Que ajuda os mais velhos a fazer os trabalhos de casa e põe os mais novos a dormir. Que quando está cansado fica em silêncio, mas nunca deixa de nos envolver com um sorriso. Não precisa de um carro bestial, basta-lhe uma música bestial para ouvir no carro. Tem quase sempre um cão, gosta de ler e sai pouco à noite porque prefere ficar em casa a namorar e a ver o Zapping. Cozinha o básico,mas faz os melhores ovos mexidos e vai à padaria num feriado. O Príncipe é Príncipe porque governa um reino, porque sabe dar e partilhar,porque ajuda, apoia e faz-nos sentir importantes. Claro que com tantos sapos, bem vestidos e cheios de conversa, como é que não nos enganamos? É fácil. Primeiro, é preciso aceitar que às vezes nos enganamos mesmo. E depois é preciso acreditar que um dia podemos ter sorte. E como o melhor de viver é saber que um dia tudo muda, um dia muda tudo e ele aparece. Depois é deixa-lo ficar... e se for mesmo ele, fica."
Margarida Rebelo Pinto

domingo, 21 de fevereiro de 2010

«A maior cobardia de um homem é despertar o amor de uma mulher sem ter a intenção de amá-la.»
Bob Marley.

Carrosséis

Às vezes não sei, e quando acho que sei estou enganada. Rejeitas, queres, queres, rejeitas. Deixas-me tonta, tanto me sugas como me cospes fora. Mas continuo a cair nos doces que me dás à alma, burreza minha talvez. Tenho o coração cansado de tanto rir e chorar como se estivesse num carrossel. Está cansado e quer dormir num embalar de meia noite e acordar quando te tiveres decidido. Mas diz ele que é criança de birras e só acorda se valer a pena.
Vês? Lá estás tu! Tens o cérebro a andar em corroséis de feiras duvidosas e o meu coração segue. Porque quem ama segue. Segue, chora, ri, completa, cai, corre, delira, amedronta-se.
Tenho uma feira aqui ao pé, mas sabem que mais? Odeio carrosséis.




sábado, 20 de fevereiro de 2010

é tarde demais para te querer (odiar), para te ver, para te sentir. abraça-me agora, meu amor, que me caiu o céu, o chão treme e não me agrada este método de tortura.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

solidão

Hoje o mundo acordou-me às escuras. Percebo que o queira fazer, inovar e promover, mas não gostei. Não gostei de acordar na escuridão, ser atormentada por medos e angústias que me afectavam o coração. Tentei abrir a janela, a amargura impediu-me. Tentei abrir a porta, o medo conteve-me. Foi então que decidi refugiar-me na minha própria escuridão, fechei os olhos e debrucei-me sobre as minhas pernas. No silêncio do tormento apenas as minhas lágrimas se manifestavam. No fundo queria que me visitasses, queria que me dissesses que estavas ao meu lado a proteger-me. Mas tudo parecia vazio e só, e eu era só mais um bibelô que entristecia tanto como tornava pesado o ar daquele mundo. Tira-me daqui!

Há dias(...)

Há dias em que acordamos e semtimo-nos poderosos;
Há dias em que acordamos felizes;
Há dias em que acordamos intrigados;
E, há, ainda, dias em que acordamos e,









e nada... estamos vazios.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

reasons

- É bom que fiques aqui sempre.
- E que aconteceu para isso?
- Nada, só quis dizer-te.
- Mas quiseste porquê?
- Porque é que preciso de um razão?
Será mesmo preciso uma razão para expressar o que sentimos? Todas as outras coisas costumam precisar de uma razão. Também é preciso uma para os sentimentos? Estava convencida que não.
what do i gotta do, to make you care?

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Só mais uma noite

Canta para mim mais uma vez. Sorri-me mais uma vez. Beija-me mais uma vez. Quero roubar-te outra vez. Pode ser só para amanhã, afinal não é uma noite que te faria grande diferença. Ou será que fazia? Será que essa noite abriria a porta que permanece entreaberta à tua espera? Ou será que seria apenas mais uma noite de prazer e cumplicidade mútua onde as peças que se movem por entre o luar são somente os nossos corpos e não as nossas almas?
Diz-me que sim para eu ir morar para a paixão. Diz-me que não para eu não voltar cair.
Ou não me digas nada, às vezes tudo sabe melhor quando não se têm as palavras e explicações e não se pensa, e eu não penso como és impossível de alcançar numa noite, em duas noites, em mil e uma noites. E eu não penso como o meu melhor não és tu, e eu não penso como provavelmente só estou a aumentar o precipício para a minha queda suicida. E eu não penso como o teu mal é o meu bem e como a cada noite que passa vais deixando a tua marca nos meus lençóis para eu me moldar e permanecer. E eu não penso, porque estou farta de pensar, só quero sentir.
Vamos voltar a dançar ao som da tua voz, ao som do batuque da minha janela quando faz vento, ao som da chuva do verão, ao som do nosso respirar empolgante e dos nossos (meu) coração que não me obedece quando me tocas.
A verdade é que tenho frio e estou desconfortável, é que me fazes falta nem que seja só pelo teu sabor ou pelo teu calor. A verdade é que preciso de ti nos meus olhos, no meu sorriso, nas minhas canções, inspirações, nas minhas noites que perdem a graça sem o teu humor que me seduz. Vem. Vem a voar. Só para mim.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

amizade(?)

nem sempre é sem uma particular pressão que podemos chamar amigo a quem nos conhece. eu não vou esquecer, nem sequer a lição que me ensinaste.

agora que nos uniste neste laço que tentaste quebrar, carrega contigo o meu peso morto, desta morte que provocaste.

é tanto melhor saber que não se tem amigos, a pensar-se que os tem e no fim da história descobrir-se que nunca o foram. dói menos.


http://o-lugar-da-morte.blogspot.com/ desculpem a publicidade, mas é um blog novo e.. pronto, são bem vindos. passem, leiam, comentem, sigam, apareçam quando quiserem (:

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

night

Deitei-me na cama de lençóis enrolados, pois esta manhã o tempo de os arranjar escapou-me, os caracóis de cores incertas esmagados contra a almofada e os olhos fáceis, como um livro sem dono, fecham-se, porque hoje já os leste demasiado. Para minha alegria, acertaste na teoria de vácuo em mim, de simplicidade e timidez.
Expulsa o público da sala, apaga as luzes e só depois abre as cortinas. Sabes que tenho pavor ao público, o palco é um terror. Hoje, és o meu único espectador.

amor-morte



o amor é um mar de rosas
frias, suaves, deliciosas.

há lá dois corpos unidos sem pudor.

e cuidam das rosas com todo o carinho,
retiram com zelo espinho a espinho.

há lá dois corpos, que sonham com ardor.

em cada sorriso, há uma criança.
em cada palavra, um passo de dança.

há lá dois corpos, vestidos de fervor.

mas vem o ciúme, a raiva, a incerteza,
vem a mentira que lhes estraga a beleza.

há lá dois corpos, juntos a decompor.

e se esquecem o cuidado, e se desfazem o nó
as rosas murcham e morrem, ficam espinhos, só.

há  lá dois corpos, abafados pelo pavor.

e no desespero fogem, para qualquer um dos lados
e os espinhos se cravam, nos corpos abandonados.

há lá um corpo. e outro mais ao longe. há dor.

e ao tirar o espinho, fica um vazio gigante
é um pedaço de si, que deixou no amante.
sem cor.

há uma lágrima, por ter havido amor.

há lá dois corpos, mortos, no chão

domingo, 7 de fevereiro de 2010

convites

- Onde estão todos?
- Estão a formar sorrisos.
- E nós? Ficámos aqui porquê?
- Não fomos convidados...
- Quem precisa de convites? São apenas certificados de presença que entregamos para porem mais um ou dois pratos na mesa.
- E o que fazemos afinal?
- Vamos invadir essa corrente de sorrisos.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Desabafo.

Como se explica a alguém que amamos, alguém por quem possuimos um enorme carinho, respeito e consideração. um alguém que nos foi tudo, no momento em que não éramos nada. que continua a arrancar cada bocado do seu já incompleto ser para nos preencher a nós, pedaços de carne deambulante.
Como se explica a esse alguém que amamos, que não o conseguimos amar como deve ser?
«some things we don't talk about, rather do without and just hold a smile.»
D.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

remember


Tu tens o Sol em ti. Dentro de Ti. E agora teimas em que seja noite constantemente...
É preciso lembrar-te, que todo e qualquer ser vivo precisa de luz? É preciso lembrar-te que, apesar de nem todos precisarem de ti, eu preciso indiscutivelmente?
E tu... Tu precisas de ti, também! Deixa essa luz escorrer-te melodiosamente pelo rosto. Deixa, por favor...

(Eu estou aqui, como sempre te prometi que estava.)


« remember yourself. »

Meias Voltas


Só saber que me abraças com a força do Universo apenas em meia dúzia de segundos, deixa o meu peito sobressaltado de emoções e a palpitar desejos.
Adoro poder finalmente descobrir o poder das palavras na vida de alguém. Desenhaste-me simples sorrisos na face e agora resta-me esperar, que o tempo se encarregue de me trazer o verdadeiro significado do amor aos lábios...
Dança coração! Dança ao sabor das melodias de sentimentos brutos e puros... Carrega nos braços e deixa-me chorar no teu colo.

Quero-te tanto...