terça-feira, 28 de abril de 2009

os nossos passos são breves. os meus passos inexistentes quando me largas num caminho que não conheço, para deixares de ouvir o que tenho para te dizer, para eu deixar de ouvir o que tens para me contar. é infantil, quase triste, saber que escondes de mim o mundo e te obrigas a tapar os ouvidos quando tento falar. que razões tens? que razões tenho para confiar em ti? enganaste-te no número da porta.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Canção de amor

Fui cor viva na tua tela branca quando me falaste dessa canção de amor. Era já noite e o tempo estava ameno. Ouvi risos, conversas paralelas, o teu andar. Tinha acabado o nosso time-out semanal e agora restava-me regressar a casa, deitar-me na cama alta e tentar não pensar em ti. Ultimamente a cabeça pesa mais de tanto tentar racionalizar as tuas atitudes com as tuas palavras e, embora saiba que não aprovas este meu trabalho a tempo inteiro, sem pausas para almoço e subsidio incluído, tens de perceber que o mundo não é assim tão leviano e fácil como tu me queres mostrar. Há muita estrada a percorrer, muitos espinhos a cortar e a noite ainda é uma criança. Ás vezes gostava de ser como tu "não ter asas e poder voar". Tu és mais livre, mais desprendido e, para ti, o gostar é sempre um gostar com tudo aquilo que daí advém. Que interessa o tempo ausente, as atitudes contraditórias, as palavras não ditas? O que interessa é que se gosta, de todas as maneiras, independentemente dos pensamentos que nos possam ocorrer um sobre o outro dias e fio. Para ti mostrar o que sentes é difícil, impossível por agora. Tu não és feito desse material. És franco e decidido e, eu sei que, o que sentes agora não é assim tão importante. Isso apenas te inquieta mas, quando a saudade aperta tu afastas a sensação, fechas os olhos com força, procuras distracção no café da zona e ouves a razão falar "Não penses nela."
Mas daquela vez falaste-me dessa canção de amor feita de frases que me vestem a pele morena. Pus a razão de lado e só conseguia sentir as tuas mãos agressivas na minha anca proeminente a tua boca soltar promessas e utopias.

sábado, 25 de abril de 2009

Define-me sem contradições

Peço-te que me definas com toda a tua exactidão, pois já não sou o que era, já nem sei quem sou.
Dá-me o meu nome e o meu sangue, deixa-me viver na ilusão que não preciso de ninguém, que sou uma única pessoa no mundo com o poder em torno nas minhas virtudes e só a mim me compete decidir assuntos da minha própria vida, dá-me autonomia.
Diz-me o que fui para poder ser melhor e aprender a viver de verdade à minha maneira.
Preciso de buscar o legado do meu antigo pensamento para reter valores e contradições, então diz-me o que fui, por favor.
Nem sei se vale a pena, se o que fui não conta mas sim o que sou agora.
Já não sei nada!
Talvez fosse melhor começar sem saber o que fui, com completa apatia em relação ao passado. Simplesmente recomeçar.
Ajuda-me, não sei viver sozinha.
perseguiste o caminho como se fosse este a fugir, largaste motivos, deixaste de entender o sentido de cada um destes gestos quiméricos. correste sem demora com medo de me perder de vista, sem te aperceberes que não era mais a mim que vias, mas uma sombra que deixei por aí, triste e só, triste sem ti, só da tua presença, nesse atalho onde mais não estou, pois fugi de ti com um irregular receio de te perder sem ainda te ter tido ao meu lado. e tu, sem perceber, correste para mim, sem ver, e eu não estava mais aí.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Tenho vontade de viver...

... de aproveitar cada momento e fazer dele o tempo que eu quiser, de ser feliz seja como for, com o que for... tenho vontade de correr, saltar num campo verde (propicio à estação) e gozar o sol numa tarde amena.
Quero rir sobre a derrota e vencer todos os meus medos... Quero ir mais alto, subir ao cume de uma montanha e gritar que sou feliz!
Quero também olhar as coisas em jeito de adoração e ver como não via antes não, cegueira derivada da má vida.
Um dia vou poder fazer-lo (momento de bonita loucura), esquecer o mundo e estar comigo mesma.
Um minuto que será o tempo que eu quiser. Para sempre se eu desejar.

aniversário.

mais um ano e o céu nem brilha.
fiz um ano mais, o de liberdade.

mas que muda? o teu rosto é o mesmo de antes, teu sorriso continua a encantar-me.

tenho um ano mais hoje, sou igual a ontem.
sofro da mesma doença de amar e do mesmo vício de escrever, ou do mesmo vício de amar e da mesma doença de escrever. sofro do mesmo.
rio das mesmas anedotas, faço as mesmas parvoíces, choro às mesmas horas, abraço o mesmo mundo.
tenho porém, um ano mais.


um ano mais que é menos um, menos um para viver, para escrever, para te amar.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Pediste-me que te dissesse o que sinto por ti, imploraste, como se fosses inocente.
Não queres que eu acredite mesmo nisso pois não? Sabes tão bem qual é a resposta, já to gritei tantas vezes! Mas tu nunca ouves, estás sempre muito ocupado com aquilo que é a tua vida, sim, essa tua vida sem mim, onde eu sou tão dispensável.
Chega a noite. Agora sim, eu sou mais importante do que o ar que respiras, mais importante do que o dia.
Sou a noite, aquela parte escura, aquela parte misteriosa que tanto te atrai, que tanto mexe contigo, que te faz com que o teu coração bata mais depressa quando eu me aproximo, quando eu respiro mais perto do teu pescoço do que aquilo que devia. E ai? Ai somos um do outro, esquecemos tudo o que está para trás e és completamente meu, meu como eu quero.

TU

Canta para te livrares de todo o mal que podes carregar nas tuas costas. 
Sente o ritmo do música com a tua pulsação a acompanhar pois a vida é demasiado curta para se pensar no que não nos vai realizar,
                                                                 então sê feliz.
Acompanhado ou sozinho, segue à tua maneira, como mais te apetecer pois ganhar e perder faz parte do teu caminho. Sente a liberdade a correr-te nas veias, a emoção do toque e todas as sensações que o mundo nós trás, que a vida nos dá.
Somos demasiado egoístas para partilhar toda a beleza do mundo, mas partilha! Faz-te diferente e muda!
Uma vez na vida, prova o gosto da liberdade e sente o teu coração arrebatado de felicidade.
Assim o mundo vai mudar, e tu também.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

são poucos os que lamentam pelo verdadeiro motivo, os que choram pelas razões certas. por terem o coração pressionado em dor e um vazio composto bem no fundo.
a verdade é que são quase inexistentes as razões para chorar: de cada vez que tudo se desfaz, é apenas nosso o trabalho de reconstruir, talvez de forma diferente - mais segura.

e nós continuamos a ver pouco.
e o mundo é tão vasto.

avenida

passei por ti naquela avenida, tão cheia de dedos que apontavam. e as buzinas eram tantas que aturdiam os teus gestos, frágeis.
passei por ti na avenida, e meus olhos se colaram ao teu movimento.
quando passaste por mim, na avenida, e das tuas rugas nasceu um sorriso, um sorriso de criança.