segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Desabafo


O texto que se segue poderá ferir as susceptibilidades de quem (ainda) sofre por amor, perdoem-me por isso, e peço que tomem em consideração o facto de também eu ter passado pelo mesmo.
Clamem o amor eterno, gritem, façam os vossos corações ser ouvidos, lutem por vós e pelos vossos sentimentos (se forem justos convosco mesmos, evitarão mais sofrimento), e não lutem por quem amam, e principalmente, por quem dependem. Não lutem por ninguém, mas sim pelo vosso sorriso e pela vossa felicidade - isso evitará que se magoem a partir de determinado ponto. Nunca dêem como certo alguém na vossa vida, pois 'ter' é a pior forma de amar - nem sequer o é, senão a forma mais fácil de completar um vazio dentro de vós.  Por vezes a tristeza torna-se um hábito e a luta a única forma de poderem gostar da vossa própria pessoa, amor-próprio que vai perdendo brio a cada dia que passa, a cada falsa palavra de amor que ouvem, a cada rasteira que sofrem. São tantas as pessoas que nestes blogs, e não só, sofrem por amor. E a cada dia que abro um blog, mais um texto escrito em lágrimas... Quem não sofreu já por amor? Todos nós acabamos por sofrer desse 'mal', seja de amor-próprio, seja de amor por outrem. Mas não tomem nada como certo, não acreditem num facto só porque ele vos aparece à frente como a verdade, pois a verdade não existe, e transforma-se. Por vezes nunca foi senão uma mentira de cabeça pra baixo, fazendo-se passar pela verdade.
O amor existe? Existe. Mas para saber amar é preciso sabermos amar-nos a nós próprios primeiro e saber reconhecer limites. Se quiserem lutar por alguém, façam um favor a vocês mesmos e certifiquem-se de que têm amor-próprio para o fazer.

"Segundo alguns psicanalistas quando se apaixona você não se relaciona com alguém de carne e osso mas com uma projecção criada por você mesmo e a projecção que fazemos é a de um ser completamente perfeito. Mas depois de um período a projecção acaba e você passa a enxergar de verdade a pessoa com quem está se relacionando; invariavelmente algumas virtudes do parceiro ou da parceira vão embora com a projecção, outras ficam... Se o que ficou de cada um for suficiente para os dois, a relação perdura. Caso contrário...
Ninguém sabe o que faz o botãozinho ligar e iniciar uma nova projecção. O amor é inexplicável. Mas tem coisas que você pode entender..."

Sigmund Freud

domingo, 29 de novembro de 2009

Sangue-suga.

E então ficas especado a olhar para mim tipo sangue-suga. Primeiro decides roubar-me o meu corpo; ficas colado à minha pele e arrancas-me todos os pedaços de amor que tinha para te dar. Depois continuas com as tuas falinhas mansas até que acabo por me perder nas tuas teias. Não fiques à espera que eu acredite em princípes encantados, e que muito menos vá atrás de ti. Acorda! A branca de neve não existe.

[Vícios]

A nicotina invade-me... o corpo, a mente, a alma... É vício que me destrói e quase me mata.
[Vício... que sabes tu de vícios?]
A nicotina liberta-me... faz-me ser quem eu não sou, quem na verdade gostava e quero ser. Acalma-me... deixa-me respirar quando a vida sufoca. Dá-me força e coragem quando estas me faltam (todos os dias?). Alimenta-me quando a fome me vence. Faz-me dizer sim quando o mundo me diz não.
[Vícios... que sabes tu de vícios?]
A minha nicotina eras tu... E agora que tu foste... transformei o meu vício. Será o meu vício a tua simples ausência?

[Vícios... que sabes tu de vícios?]

sábado, 28 de novembro de 2009

Snow


Como sinto saudades desse teu abraço gelado
Daqueles profundos em dias de neve
Ainda me lembro do calor harmonioso que fluia entre nós
Naquela manhã fria com o despertar de um ínfimo sol
Nada adivinhava o derreter de pegadas que se seguia
Os flocos manchavam o chão cheio de pó e sofrimentos passados
Aglomeravam-se em montanhas de obstáculos que sempre deslumbrei
Oh meu amor, como anseio pela tua chegada
Pelas tuas mãos quentes que me aconchegam o coração
Pelos teus olhos que me confortam com a verdade
Pela tua voz que ecoa no meu peito e me eleva
Os sorrisos com que te deixo, são meros presentes de hoje
Amanhã, espero-te à mesma hora no banco de madeira
Protegido da neve, para apenas a podermos admirar

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

quero que saibas...

quero que saibas
que há dias em que penso em ti como dantes.
em que me apetece ligar-te só para saber como estás e ouvir a tua voz,
em que te quero contar tudo o que vi e o que aconteceu.

quero que saibas
que há dias em que penso em ti como nunca antes.
em que me tremem as mãos de ouvir o teu nome
e as lágrimas se recusam a parar.

quero que saibas
que às vezes apetece-me correr contigo para o infinito.
ainda vou lá de vez em quando, nem imaginas a confusão:
alguém mergulhou o pôr-do-sol que víamos eternamente em escuridão
e há teias de aranha em todo o lado. todos sentimos a tua falta por lá.

quero que saibas
que ainda tenho comigo a nossa caixa,
a pena de pavão, a palhinha,
a tua foto em menina com um peluche enorme,
a tua outra fotografia,
os papéis que um dia usaste para me mostrar pela web
(um deles diz "estou onde estás!"),
o bocado de cabelo que te cortei e que trouxe nas mãos até Braga,
os bilhetes de autocarro de ida e de volta,
a estrela e o totó.
quero que saibas que
ainda tenho o papel que diz que em tua casa o Panda é o canal 56
e um que diz que gosto muito de ti
de quando estivemos quase a recomeçar a nossa caminhada.

sabes que agora dou catequese ao primeiro ano?
há uma menina lá que me faz lembrar a Carolina.

quero que saibas
que ainda tens em mim um lugar só teu.
que ainda guardo todos os teus vestígios.


quero que saibas
que ainda te espero de mão estendida
e ainda guardo o teu sorriso

quero que saibas que gosto de ti
e continuas a ser a minha melhor amiga.




  


ontem
fez dois anos e dois meses que nos conhecemos...

domingo, 15 de novembro de 2009

Quereres

Já nos quisemos, ainda que por razões opostas e nem sempre moralmente aceites. Já me quiseste, ainda que agora me apagues no cinzeiro após inalações profundas que me levaram muito mais do que células e consequentes identidades. Porém, recordo-me da cor escura que vestia quando me fazias de maço de cigarros, um espécie de vício ao fundo do bolso das calças de ganga. Por vezes continuo a tentar-te, desafiando forças de vontades, desprezo por algo que, de um forma ou de outra, te ia matando as convicções. O choque e a faísca do nosso encontro fazia-te rir, era a gasolina que te alimentava o gosto pelo jogo que eu me ia cansando de jogar. A minha vida nunca foi um tabuleiro e eu muito menos peças de madeira velha. Mas tu bebias dos meus nervos, fervilhando com a minha personalidade forte e convicta, ciente dos seus objectivos.
Tu eras um deles.

E adivinha: hoje já não me queres e, o que eu queria de ti, tu decidiste não dar.