segunda-feira, 16 de março de 2015

effusus #56

Houve uma época em que sentia medo. Não tinha nada sobre os meus ossos que não pele eriçada e desgastada. Não tinha nada sobre a minha consciência senão um arrastar de imagens flácidas pelo chão poeirento.

Já tive medo e já deixei de o ter. Já senti e já deixei de sentir. 
Penso que toda esta nossa necessidade de afirmar eternidades advém do nosso receio da injustificação e talvez um quê de falta de legitimidade de todas as nossas acções. Mas o nosso erro de raciocínio está justamente no não encararmos de braços abertos que tudo se mede relativamente e que, no final do dia, somos apenas almas radiantes que precisam tão somente de um pouco de calor e que qualquer que fosse a justificação que pudéssemos dar seria nada comparada com o que sentimos.