sábado, 21 de julho de 2012

Eu amo-te. De uma forma frágil, agora. Susceptível ao toque de outrem ou às tuas palavras  que caem no chão como pedaços de vidro que nos doem no peito pelo simples barulho que fazem. Amo-te. Assim, desmazeladamente. Inconscientemente. Ao sabor do vento e ao ritmo das batidas de um coração perdido e magoado nas entranhas do teu corpo. Ao florescer de um desejo que me arrepia o corpo e me deixa sem forças. Amo-te. Amo-te demais, ainda. Como sempre te amei. Amei-te sempre em demasia. E tu vinhas e ias e voltavas. E eu, parva por te amar demais, deixava.

sábado, 14 de julho de 2012


Não sei contar as despedidas. Sei-as sentir. Sinto-as demais às tantas. Sinto-as até o coração me escorre na cara, e a dor que me sai dos olhos se torna em algo insuportável. Sinto-as a mais. Dizem que é normal senti-las assim, é Latino, é-me normal, pois enão. Larguem-me os olhos, o coração e as mãos apertadas. Larguem-me o nó na garganta. Pois então, digo eu, que acabem com as distâncias, que as deixem contar e proíbam de sentir. 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Confissões #1

Não sei qual é o vosso leque de opções no que diz respeito a actividades para afogar as mágoas, mas o meu, ultimamente, resume-se a dirigir-me à Bertrand para estoirar quantias abismais. Desde a sexta feira passada já constam cá em casa mais 11 livros. E nenhum a menos de 15€.
Chamem-me louca, mas isto realiza-me! Pelo menos já passei a fase em que se come que nem porcos mesmo se ter fome, e da fase em que se compra montes de roupa que, na melhor das hipóteses, só será vestida uma única vez.
Um viva para mim, yeah!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

starry, starry night




Quase dois anos volvidos e ainda não soube lá voltar. Nem sei se saberia dar contigo, sabes? Nunca gostei daquilo, é só um monte de terra e um monte de terra não me parece suficiente quanto mais digno. Merecias pelo menos uma lápide, uma pedra com o teu nome - Fábio. Se bem que Fábio não serviria de muito. Muitos provavelmente nem saberiam de quem se tratava. O melhor seria talvez ter o teu, digamos, verdadeiro nome. Nem eu sei a quantidade de vezes que te disse "És tão Pazito, Pazito". Às vezes ainda sonho contigo. As aulas já começaram e tu entras de rompante, como quem nem viu a porta, como se não houvesse porta. E depois o teu telemóvel toca e tu desapareces do mundo ao som dos Metallica. Fui ao teu funeral e depois só consegui voltar lá a onze de setembro desse ano, data na qual deverias ter feito dezoito anos. Por vezes imagino que nada daquilo aconteceu, que te chegaste a candidatar à universidade e que estás neste momento algures no interior do país a estudar história. Há dias em que parece que te vejo no meio da multidão. E depois apercebo-me que não pode ser porque tu simplesmente deixaste de existir. Costumávamos dizer, em jeito de brincadeira, que tu tinhas sido o primeiro atentado. Lembras-te disso? Nós ainda nos lembramos. Quase dois anos volvidos e ainda não soube lá voltar.