segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

In repair




Há dias em que o mundo nos parece mais longe, mais suspenso. Dias que até podem começar com "sol e céu limpo" nas notícias. Dias ingratos. O chão foge e as paredes avançam numa ameaça claustrofóbica.
Nós?
Ficamos cada vez mais quietos, cada vez mais sufocados. Pedimos ajuda mas ninguém ouve, ninguém quer saber. O nosso rosto espelha tristeza, incompreensão pela viragem súbita da previsão do estado do tempo prometida na TV. Assistimos a vidas que não as nossas, quem sabe na busca de algum conforto, desconhecendo a capacidade nula que os outros têm de travar as nossas lutas interiores.
Há dias em que somos mais pequenos, mais frágeis, onde o nosso lugar é debaixo do chuveiro apaziguador e mudo, enquanto as gotas de água, misturadas com o sal que nos escorre cara abaixo, pintam imagens de dias felizes.
Há dias de desilusão, dias em que o único remédio é o abandono temporário do corpo meio vazio num beco qualquer, para depois o recuperarmos com um espírito mais aberto e mais sarado.

8 comentários:

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