domingo, 27 de novembro de 2011

Alguém tem conhecimento?

https://www.facebook.com/event.php?eid=207428742665541

O meu cão foi abatido na passada segunda-feira, um labrador, com um tumor no fígado.
Eis o texto que lhe escrevi de despedida, porém, se alguém souber de pessoas que deêm estes cães para adoptar me diga, e partilhem o evento, por favor.


Scott:
Vamos ter saudades tuas. Desse teu ar independente e carinhoso. Dos teus olhos meigos e preocupados. Da tua inteligência. Da tua ousadia. Vamos ter saudades tuas e de tudo aquilo que sempre te caracterizou. Da tua alegria pela casa, da maneira como a enchias, das tuas lambidelas e brincadeiras. Vamos ter saudades de te ver correr pelo corredor sempre que ouvias a trela; De te mandar parar quando corrias atrás dos gatos que se cruzavam contigo; De te ver ladrar sempre que alguém se aproximava. Vamos ter saudades de todas as vezes que nos rasgas-te coisas, de todas as vezes que corrias pela mesa para ver quem te dava gelado, ou doces. Vamos ter saudades de comer pipocas no chão da sala contigo, deixar-te uma no chão e ires buscá-la com a patinha.. Vamos ter saudades de te ter deitado nas nossas pernas, de te ver roer almofadas, de seres persistente e não saires do sofá... Como eras teimoso, como gostavas tu de ocupar todo o sofá. Vamos ter saudades de te por lenços no pescoço, de te abrir as portas para vires para a nossa beira no Natal. Foste um bom cão. Um bom amigo. Um bom ouvinte. Uma boa companhia. É triste saber que sofreste, que tivemos de tomar uma decisão que não coincidia com aquilo que queriamos e mais nos preenchia: A tua presença. Estou aqui na cozinha e não te encontro mais, as tijelas ainda estão ali, as tuas. O Pai deixou que os brinquedos ficassem junto a ti. Lembraste deles? Estou-me a lembrar de quando me rasgaste o lenço azul, de quando me empurraste e rasgaste a perna. Ainda tenho essa cicatriz amigo. Nunca gostei muito dela, mas agora, é a coisa que mais nos aproxima. Vou ter saudades tuas, de te ver com a cabeça sobre os cedros sempre que me despedia da Mãe de manhã e tu ficavas a ver-me descer a rua em segurança. Dava-te um rebuçado de mentol, tu pedias, sempre. Eu sei que não te fazia muito bem, mas tu ficavas tão feliz. Eras um bom amigo,e eu vou ter saudades tuas Scott. Descansa em paz, e nunca te esqueças, és o nosso irmão mais novo.
Adoro-te muito.
Isa, 21 de Novembro de 2011, 20:27

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Sabes, perdi-me de tal maneira no teu 'se' que acabei por me esquecer do meu 'quando'.

domingo, 13 de novembro de 2011

Eu não tenho saudades tuas. Tenho sim, saudades do amor que senti por ti. It's different.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O rio pode vir do topo das montanhas.


O rio pode vir do topo das montanhas; Pode trazer a água num estado limpo, fresco e bonito, mas é no mar que a diversão se faz sentir. É no mar que existem as ondas que me faz levantar a cabeça para tentar ver para lá da onda de metro que vem com toda a força na minha direcção. Podem os mares ser os pais dos rios, mas são os rios que me dão a alegria de chapinhar e nadar tranquilamente sem pensar que irei ao fundo, ou que virá um monstro qualquer para me comer de primeira, as pernas do meu corpo. O mar pode ser grande para me meter medo e tonturas se não estiver habituado, mas é com a sua imensidão que chego a sonhar com o futuro que está para vir. É ele quem cria o grande horizonte que me deixa a pensar nos milhares de quilómetros que separam as pessoas umas das outras.

Os rios são na verdade os pais, e os mares os filhos destes. O mar é grande de dimensão e rebelde no número que guarda no seu interior, o rio pode ser pequeno, mas sem a sua nascente o mar não existia.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Apeteceu-me partilhar :)


"Fazer um registo de propriedade é chato e difícil mas fazer uma declaração de amor ainda é pior. Ninguém sabe como. Não há minuta. Não há sequer um despachante ao qual o premente assunto se possa entregar. As declarações de amor têm de ser feitas pelo próprio. A experiência não serve de nada — por muitas declarações que já se tenham feito, cada uma é completamente diferente das anteriores. No amor, aliás, a experiência só demonstra uma coisa: que não tem nada que estar a demonstrar coisíssima nenhuma. É verdade — começa-se sempre do zero. Cada vez que uma pessoa se apaixona, regressa à suprema inocência, inépcia e barbárie da puberdade. Sobem-nos as bainhas das calças nas pernas e quando damos por nós estamos de calções. A experiência não serve de nada na luta contra o fogo do amor. Imaginem-se duas pessoas apanhadas no meio de um incêndio, sem poderem fugir, e veja-se o sentido que faria uma delas virar-se para a outra e dizer: «Ouve lá, tu que tens experiência de queimaduras do primeiro grau...» 

Pode ter-se sessenta anos. Mas no dia em que o peito sacode com as aurículas a brincar aos carrinhos-de-choque com os ventrículos, Deus Nosso Senhor carrega no grande botão «CLEAR» que mandou pôr na consola consoladora dos nossos corações. Esquece-se tudo. Que garfo usar com o peixe. Que flores comprar. Que palavras dizer. Que gravata com que raio de casaco hei-de usar? Sabe-se nada. Nicles. 
Olha-se para as mãos e parece uma cena de transformação dum filme de lobisomens — de onde outrora havia aqueles dedos tão ágeis e pianistas, brotam dez abortos de polegares. E o vinho entorna-se só de pensar nisso. E as solas dos sapatos passam a atrair magneticamente todos os excrementos caninos da cidade. E a voz que era toda FM Estéreo da Comercial quando vai para dizer «Gosto muito de ti» fica repentinamente Abelha Maia. 
Tenha-se 17 ou 71 anos, regressa-se automaticamente aos 13 — à terrível idade do Clearasil e das sensações como que de absorção. Quem se apaixona dá mesmo saltos no ar e diz «Uau!» quando o Pai deixa usar a pasta de dentes dele. Qual «ternura dos quarenta», qual bota da tropa cheia de minhocas! O amor é sempre uma anormalidade que provoca graves atrasos mentais. "


              Miguel Esteves Cardoso, in 'Os Meus Problemas'

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Tempestade

São ondas que me devastam, vão e voltam e nunca gastam a sua paixão.
Seu calor e tristeza, sua escaldante emoção.
Vão e voltam sem saber
Que me devoram uma e outra vez sem querer
Regressam e consomem todo o meu ser
Arrasam, arrastam e eu fico a sofrer.

O sol põe-se deitado, suavemente deita-se derrotado
E todo aquele ouro, aquele prateado
Mergulha no âmago quente do mar salgado
Olhos fecham-se e o sol põe-se quando se volta a abrir
O céu escurece, uma tempestade está para vir
Olhos abrem-se e correm a areia fina,
Calam as suas mágoas no silêncio da água fria
Choro calada a teu lado
Mas sem ti, sonho acordada
Não contigo, mas deleitada
Neste sonho triste e desesperado.
E ondas vêm e ondas vão
Espuma branca a meus pés se forma
Sol e lua suas posições trocam
E na praia fico, na sua calmidade morna.
Mas que palavras te posso dizer
Quando o dia já foi e te quero sem querer?
Que palavras é suposto calar
Se o tempo já foi e eu deixei tudo passar?
Não te quero assim, não
Quero-te um dia e outro
Mas ondas vêm e ondas vão
E sem querer eu sofro.

domingo, 6 de novembro de 2011

http://www.conteconnosco.com/trabalho-detalhe2.php?id=103


Para quem gostar:
Nunca sabemos para onde vamos, nem como vamos. A verdade é esta, um barco pode ser o motivo de partirmos em busca do conforto da nossa alma; Pode ser a chave para a caixa de música que ficou parada sobre a secretária; Pode ser a nossa estrela guia.
Um barco pode diminuir distâncias, principalmente quando um barco se torna o nosso coração e o seu material de construção são todas as coisas que aprendemos na vida.
Ninguém sabe para onde vai ou onde pertence, na verdade, a nossa vida é desregrada e inconstante como todas as ondas que se desenlaçam no oceano. Pegamos num bote e saímos do navio, achando que a solução é fugir a qualquer tempestade que ameaça a tripulação. Porém, o esquecimento em situações de rapidez é mais favorável e deixamos todos os nossos trunfos lá, em algo que fomos construindo durante a nossa vida, achando que largar tudo é mais fácil do que ficar. A terra vai ficando à vista, quase que olhamos para trás, e nesse momento, somos engolidos por uma onda gigante. Onde fomos parar? Não sei bem, mas no fundo do mar também existem pianos e fábulas secretas; Também existem tripulações; Também existem estrelas. Por vezes, as coisas não têm mais vida cá fora, às vezes, o essencial é naufragar e voltar a reencontrar toda a nossa vida, de pernas para o ar ou mesmo, debaixo do mar.

Há um dia na nossa vida em que cortamos todas as árvores e construímos um navio. Cuidamos dele todos os dias até estar pronto, limpamos todas as suas arestas, desenhamos cuidadosamente as suas velas e sorrimos cada vez que sabemos que vamos trabalhar nele.
As árvores ficam a ser, então, o nosso objecto de viagem: Um pequeno barco, frágil como cada pedaço do nosso ser, da nossa sensibilidade, da nossa coragem. Um misto de cada pormenor de que nós somos feitos. E esperamos, dias e dias, contemplando cada farpa que se levanta, cada pedaço de tinta ainda humedecido, na esperança de chegar o dia certo para partirmos à descoberta.
Há noites longas, em que nos deitamos sobre o seu chão e contemplamos a lua, achando que ela é a única que nos acompanha e nos retira da solidão; Achando que ela é a única que nos aconchega a alma e nos faz ficarmos mais protegidos de todas as cruezas do ser-humano. Mas o esquecimento invade-nos em vários sentidos. Nunca estamos sozinhos a ver a lua, nunca o frio pode ser esquecido por ela enquanto não fixarmos essa ideia.
E numa noite de quarto crescente ouvimos vozes em sintonia pelas colinas e sentimos que é o momento certo. Pegamos no barco, frágeis após tantos naufrágios e soltamos as amarras que nos ligavam à terra e a uma sensação de sol. Partimos numa noite qualquer, onde só a Lua nos indica o rumo a seguir, num rasto quase de tinta derramada pelo oceano. Lá à frente, vejo um horizonte banhado por um Luar tão sereno e inato que nunca chego a duvidar dele.
Contrariamente ao que seria de esperar, o Luar vence-me o frio, o medo, as vozes, a música que ecoa nas colinas e estou só eu. Eu e um pequeno barco, construído a árvores frágeis e iluminado por uma Lua. Não por uma Lua qualquer, mas por essa mesma Lua que do outro lado do mundo tu também contemplas, procurando que ela te ajude a vencer o frio e o medo, numa noite qualquer, onde o seu rasto no oceano é simplesmente a coisa mais perfeita que poderiam reservar para nós, humanos.