segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

a incansável espera..


Já repararam como estamos sempre à espera de algo, de alguém?

Uma palavra carinhosa, um café nas manhãs frias de terça-feira, um abraço forte na hora H daquele dia menos aguardado, um beijo demorado enquanto esperamos o comboio de regresso a casa, uma viagem que nos leve para onde sempre sonhamos estar, uma melodia que nos toque a alma e nos recorde o quanto eramos simples e felizes, uma carta de um amigo distante, um passeio que nos lave por dentro e nos torne, quem sabe, melhores! Ou então, um simples "olá" digital de um desconhecido que encontramos, um "boa noite" habitual do nosso vizinho do quarto andar, um "está na hora de ir dormir" que nos recorde a voz da mamã nas noites da nossa infância longínqua, um "adoro-te" dos nossos amigos de sempre ou um "tenho saudades tuas" de alguém que ainda ausente nos traz cá dentro, nos recorda e nos ama.
Inevitavelmente, a nossa vida torna-se uma sala de espera, em que aguardamos algo: dos nossos pais, dos nossos amigos, dos nossos vizinhos, dos nossos conhecidos, dos menos conhecidos, da vida, e até de nós mesmos. Esperamos, esperamos e voltamos a esperar! Esperamos que amanhã esteja bom tempo, esperamos tirar boa nota no exame de matemática, esperamos não ter problemas, esperamos não ficar doentes, esperamos realizar os nossos objetivos, esperamos alguém que nos faça tocar na lua e voltar, ou então que nos ponha a viver nas nuvens, um lugar certamente confortável e acolhedor...

E assim, vamos carregando a nossa vida, e a dos outros, com uma imensidão de sonhos, ambições, desejos, pequenos nadas que esperamos e voltamos a esperar... E em cada espera, a nossa angústia cresce e a nossa esperança é dissolvida, gota a gota, no vazio do fracasso... E novamente, voltamos a esperar mais e mais, dos outros, de nós mesmos, pequenas coisas que se tornam grandes na infinita espera da campainha que toque, do novo dia que nasça, ou da tristeza que passe...
Porém, o coração anda no compasso que pode e a vida não é uma sala de espera, mas uma questão de escolhas!

A sempre vossa,
Catarina Costa

4 comentários:

deixa tu também letras soltas no caminho