Está escuro e não gosto de estar
sozinha. Nunca gostei de estar sozinha. Nunca quis estar sozinha. O silêncio
sempre me fez confusão, o silêncio sempre trouxe mais medo. E ter medo não pode
ser bom, ter demasiado medo não pode ser bom. As saudades escondem-se em
buraquinhos que vão encontrando, em buraquinhos que não soube preencher, ou que
deixei que se esvaziassem. Mais buraquinhos trazem mais saudades e mais
saudades trazem mais dias sozinhos. Está escuro e não gosto de estar sozinha. Não
quero sair à rua porque na rua há pessoas e com as pessoas é suposto criar
amizades. Mas quanto mais amizades menos Inês há para dividir… E se a Inês não
se dividir passam a existir mais buraquinhos. Deixei de sair à rua para fugir
dos buraquinhos. Mas em casa, em casa também nascem, esses buraquinhos. Há
buraquinhos em todo o lado. Se calhar mais vale sair à rua. Mesmo que esteja
escuro, mesmo que esteja sozinha. Pelo menos não há silêncio, pelo menos o
silêncio fica em casa. E, quem sabe, também os buraquinhos.
adorei (:
ResponderEliminareste texto representa um pouco da melancolia que se vive perante a solidão. Estar só porque se acredita que estamos melhor sozinhos, desvanecida pela vontade de ter alguém- aquilo a que chamas de "buraquinho", é de facto um buraquinho na alma. Gostei.
ResponderEliminareu também nao escrevo à muito tempo linda, obrigada!
ResponderEliminaradorei, mesmo *.*
ResponderEliminarsabes? o segredo é que quando criamos amizades não nos dividimos, multiplicamo-nos! por isso é que as novas amizades preenchem os buraquinhos antigos! nunca deixes de sair à rua Inês :)