terça-feira, 29 de maio de 2012


Está escuro e não gosto de estar sozinha. Nunca gostei de estar sozinha. Nunca quis estar sozinha. O silêncio sempre me fez confusão, o silêncio sempre trouxe mais medo. E ter medo não pode ser bom, ter demasiado medo não pode ser bom. As saudades escondem-se em buraquinhos que vão encontrando, em buraquinhos que não soube preencher, ou que deixei que se esvaziassem. Mais buraquinhos trazem mais saudades e mais saudades trazem mais dias sozinhos. Está escuro e não gosto de estar sozinha. Não quero sair à rua porque na rua há pessoas e com as pessoas é suposto criar amizades. Mas quanto mais amizades menos Inês há para dividir… E se a Inês não se dividir passam a existir mais buraquinhos. Deixei de sair à rua para fugir dos buraquinhos. Mas em casa, em casa também nascem, esses buraquinhos. Há buraquinhos em todo o lado. Se calhar mais vale sair à rua. Mesmo que esteja escuro, mesmo que esteja sozinha. Pelo menos não há silêncio, pelo menos o silêncio fica em casa. E, quem sabe, também os buraquinhos.

4 comentários:

  1. este texto representa um pouco da melancolia que se vive perante a solidão. Estar só porque se acredita que estamos melhor sozinhos, desvanecida pela vontade de ter alguém- aquilo a que chamas de "buraquinho", é de facto um buraquinho na alma. Gostei.

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  2. eu também nao escrevo à muito tempo linda, obrigada!

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  3. adorei, mesmo *.*

    sabes? o segredo é que quando criamos amizades não nos dividimos, multiplicamo-nos! por isso é que as novas amizades preenchem os buraquinhos antigos! nunca deixes de sair à rua Inês :)

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deixa tu também letras soltas no caminho