segunda-feira, 9 de julho de 2012

starry, starry night




Quase dois anos volvidos e ainda não soube lá voltar. Nem sei se saberia dar contigo, sabes? Nunca gostei daquilo, é só um monte de terra e um monte de terra não me parece suficiente quanto mais digno. Merecias pelo menos uma lápide, uma pedra com o teu nome - Fábio. Se bem que Fábio não serviria de muito. Muitos provavelmente nem saberiam de quem se tratava. O melhor seria talvez ter o teu, digamos, verdadeiro nome. Nem eu sei a quantidade de vezes que te disse "És tão Pazito, Pazito". Às vezes ainda sonho contigo. As aulas já começaram e tu entras de rompante, como quem nem viu a porta, como se não houvesse porta. E depois o teu telemóvel toca e tu desapareces do mundo ao som dos Metallica. Fui ao teu funeral e depois só consegui voltar lá a onze de setembro desse ano, data na qual deverias ter feito dezoito anos. Por vezes imagino que nada daquilo aconteceu, que te chegaste a candidatar à universidade e que estás neste momento algures no interior do país a estudar história. Há dias em que parece que te vejo no meio da multidão. E depois apercebo-me que não pode ser porque tu simplesmente deixaste de existir. Costumávamos dizer, em jeito de brincadeira, que tu tinhas sido o primeiro atentado. Lembras-te disso? Nós ainda nos lembramos. Quase dois anos volvidos e ainda não soube lá voltar.

6 comentários:

  1. eu gostei deste por estar tão sentido... força!

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  2. adorei!
    óhh agora já querida,
    obrigada pela preocupação *.*

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  3. obrigada linda! ao tempo que não sabia de ti...como estás?:)

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  4. Ainda bem :) Não precisas de agradecer *
    Muito obrigada, linda, eu também gostei imenso do teu blog ♥ Muita força , minha linda, muita mesmo !

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  5. quem disse que ele deixou de existir Inês? ele continua por aí, a balançar entre a memória e o que resta dele no teu coração.

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