terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Não

No mesmo instante em que esticaste o teu braço, tremi. Não sei se por receio de te ter tão perto, se pela angústia passada que me causaste, mas tremi. Como se o inverno vivesse em mim, como se as roupas não chegassem para me acalentar de ti. Queria-te tanto quanto uma criança de cinco anos anseia uma guloseima. No momento em que as cartas são lançadas, conseguimos trocar o rumo do jogo. Eu, que há tanto tempo te imaginava ali e sempre soube que seria improvável. Nunca impossível. Aconteceu. Pediste-me para sair de mim, para soltar o cabelo e envergar nessa aventura tua, só tua. Contive os meus impulsos, engoli em seco sem nunca me perder. 
Disse não.
A negativa que te salvou. Que me fez crescer dez anos sem ter saído do mesmo sítio. A negativa que me soltou de ti.

2 comentários:

deixa tu também letras soltas no caminho