segunda-feira, 27 de abril de 2009

Canção de amor

Fui cor viva na tua tela branca quando me falaste dessa canção de amor. Era já noite e o tempo estava ameno. Ouvi risos, conversas paralelas, o teu andar. Tinha acabado o nosso time-out semanal e agora restava-me regressar a casa, deitar-me na cama alta e tentar não pensar em ti. Ultimamente a cabeça pesa mais de tanto tentar racionalizar as tuas atitudes com as tuas palavras e, embora saiba que não aprovas este meu trabalho a tempo inteiro, sem pausas para almoço e subsidio incluído, tens de perceber que o mundo não é assim tão leviano e fácil como tu me queres mostrar. Há muita estrada a percorrer, muitos espinhos a cortar e a noite ainda é uma criança. Ás vezes gostava de ser como tu "não ter asas e poder voar". Tu és mais livre, mais desprendido e, para ti, o gostar é sempre um gostar com tudo aquilo que daí advém. Que interessa o tempo ausente, as atitudes contraditórias, as palavras não ditas? O que interessa é que se gosta, de todas as maneiras, independentemente dos pensamentos que nos possam ocorrer um sobre o outro dias e fio. Para ti mostrar o que sentes é difícil, impossível por agora. Tu não és feito desse material. És franco e decidido e, eu sei que, o que sentes agora não é assim tão importante. Isso apenas te inquieta mas, quando a saudade aperta tu afastas a sensação, fechas os olhos com força, procuras distracção no café da zona e ouves a razão falar "Não penses nela."
Mas daquela vez falaste-me dessa canção de amor feita de frases que me vestem a pele morena. Pus a razão de lado e só conseguia sentir as tuas mãos agressivas na minha anca proeminente a tua boca soltar promessas e utopias.

2 comentários:

  1. "Fui cor viva na tua tela branca quando me falaste dessa canção de amor." só este início já me deixou com uma vontade enorme de ler :)

    quanto a essas promessas e utopias, acho que faz parte de amar, mesmo fazer aqueles planos que nunca sabemos se vamos ou não chegar a concretizar. se nós acreditamos, nada nem ninguém no mundo nos pode impedir de concretizar essas promessas e utopias. criamos um mundo só nosso, onde ninguém nos separa daqueles que realmente amamos. eu acredito no amor dos contos de fadas, mesmo que às vezes um dos dois não mostre muito :)

    bela estreia mara ;)
    beijinho*

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