terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Le future.



Dear 20 years old me


Lamento ser eu a dar a notícia, mas o final apregoado pelas bocas mais invejosas deste mundo sempre se confirmou, não vais viver nesse conto de fadas idílico muito mais tempo. Não vais realizar os teus sonhos. O teu ego não vai transbordar pela magreza do teu corpo. Na realidade, vais-te rir, para não chorar, daquilo que estás a pensar que vais conseguir fazer da vida.
Queres que te conte? Vais recorrer às velhas anfetaminas para acabar o curso, sim, vais voltar, e idolatra-las como não fazes com ninguém, vão ser as melhores amigas em tempos de recursos e estágios complicados. Ah! Esqueci-me, também vão ser elas e ópio a fazer-te esquecer os desgostos amorosos, porque sabes, isso de andares a acreditar que não são todos uns cabronnes é um puro e grandessíssimo disparate, descendem todos do tronco comum da peguisse e luta para noites de sexo ardente e sem significado. Vai por aí o teu plano de vida, vais resistir aos valores que infliges e entrar no esquema tão português de cunhas para conseguir um emprego, vais ser daquelas ressabiadas, não dizem ‘Bom Dia, Senhor António’ e apressam-se a dizer boa tarde, sem ver sequer o nome na ficha médica. A tua salvação vão ser os gatos, os gatos e os mendigos, vais ajudar, não pelo amor pelas pessoas, mas pelo teu ego e salvação da tua mente e dada personalidade.
Voltando aos tópicos, não vais ser magra, as portas duplas vão ser as amigas de uma vida, mas pensa positivo, se comprimires muito a nojenta gordura pode ser que ainda sintas os ossos, não sei, nunca estudei isso em profundidade nem me/te tentei tocar, mete-me repulsa saber quem sou.
Por fim, minha querida eu, há dez anos atrás que acreditavas que não irias chegar aos trinta, e adoro ser eu a dar a notícia, desta vez, as tuas visões estão certas. Tanta é a miséria que o melhor é apelares à nossa morte, com analgésicos, para que não sintamos nada.

Love, the future.

2 comentários:

deixa tu também letras soltas no caminho