Ando numa daquelas fases que não me apetece sair de casa, só me apetece ficar na cama todo o dia, não destapar a cara e ficar ali, com o cabelo encharcado na almofada, sem falar, sem escutar.
Ando numa daquelas fases de me apetecer viver noutro lugar, não me importa organizar a roupa por cores, nem fazer um penteado bonito, não me importa pintar os lábios nem rasgar os olhos com fortes purpurinas. Não me apetece abrir o meu coração, acho que é melhor ele ficar fechado.
Cada vez que o abro, alguém tem a certeza de me perder as chaves e fico ao vento, à chuva, à trovoada. Ando numa daquelas fases de ter medo de cair, de rasgar os joelhos e os cotovelos. Ando numa daquelas fases de não me preocupar com nada, ando numa daquelas fases (...) Daquelas! Daquelas fases que ninguém gosta de passar, mas que também é indiferente. Ando numa daquelas fases que não distingo o frio do quente, em que não distingo as mãos das fendas, ando numa daquelas fases... Daquelas fases que ninguém pode dizer que não quer entrar porque quando estamos bem, damos um passo e caímos nesse chão falso armadilhado. Ando numa dessas fases, em que os sapatos fazem bolhas nos pés sempre que os calço, numa daquelas fases em que as calças não querem sair do armário e as flores do cabelo murcham; Numa daquelas fases em que a televisão não tem botões , em que as camisas são demasiado grandes e nós bem pequeninos. Numa daquelas fases em que não se sonha nem se tem pesadelos.
Numa daquelas fases... Sabem?
Perder é mais forte que ganhar...
domingo, 30 de maio de 2010
terça-feira, 25 de maio de 2010
impossivel
Esquecer é um acto demasiado definitivo. Principalmente para quem tem coração viajante e galopante. Também para aqueles que sentem a alma a levantar voo, cada vez que sentimentos são cravados no peito, numa circunstância menos esperada.
Esquecer, nunca se consegue. Somos capazes apenas, de ir passando a borracha sobre aquilo que todos os dias se enaltece sem que queiramos, durante vários momentos da nossa vida. E é assim, apagando aos poucos o que nunca se deixa confundir, que não vamos dando continuidade aquilo que o tempo faz, desgastar a caixinha repulsante que guardamos no lado esquerdo do peito.
Esquecer, nunca se consegue. Somos capazes apenas, de ir passando a borracha sobre aquilo que todos os dias se enaltece sem que queiramos, durante vários momentos da nossa vida. E é assim, apagando aos poucos o que nunca se deixa confundir, que não vamos dando continuidade aquilo que o tempo faz, desgastar a caixinha repulsante que guardamos no lado esquerdo do peito.
domingo, 23 de maio de 2010
é só mais um dia mau ,
Teorias
Apetece-me chorar, gritar.
Ainda há alguns minutos atrás estava eléctrica, cheia de energia.
Foi uma descompressão, diria ele.
Ele...
Esse mesmo que causou esta inconstância em mim. Esse mesmo que tinha teorias para tudo... mas esse mesmo que se esqueceu e fez 'delete' da nossa teoria. Como se tudo fosse apenas um rascunho. E talvez não tenha passado realmente disso. Porque, realmente, a história não passou da meia página. Foi feita a lápis. E, o pior, é que foi ele quem ficou com a borracha.
Apagou-a.
Apagou a nossa e criou outra história... outras histórias... com novas personagens e novos enlaces...
E eu fiquei sentada no [col]chão, na pedra fria, no banco de jardim onde ele me deixou antes de partir.
Tudo não passam de teorias e eu tirei zero nesse exame. Ele era exigente e eu uma cabeça no ar, a viver no mundo dos sonhos, num conto de fadas que nem dei conta que existia. Julgava-me cinderela sem sapatos... e por isso caí da escada. Tropecei. Caí. E fiquei no chão. Mas ele não foi atrás de mim, não correu. Não me salvou. Ele simplesmente seguiu em frente e eu fiquei ali, de joelhos cortados [ou coração rasgado?]...
Mas tudo não passam de teorias...
E na teoria da vida não há espaços para 'se' nem porquê.
E, a única certeza que hoje tenho, é que tudo na minha vida não passa de um talvez.
Porém, tudo são apenas teorias...
Ainda há alguns minutos atrás estava eléctrica, cheia de energia.
Foi uma descompressão, diria ele.
Ele...
Esse mesmo que causou esta inconstância em mim. Esse mesmo que tinha teorias para tudo... mas esse mesmo que se esqueceu e fez 'delete' da nossa teoria. Como se tudo fosse apenas um rascunho. E talvez não tenha passado realmente disso. Porque, realmente, a história não passou da meia página. Foi feita a lápis. E, o pior, é que foi ele quem ficou com a borracha.
Apagou-a.
Apagou a nossa e criou outra história... outras histórias... com novas personagens e novos enlaces...
E eu fiquei sentada no [col]chão, na pedra fria, no banco de jardim onde ele me deixou antes de partir.
Tudo não passam de teorias e eu tirei zero nesse exame. Ele era exigente e eu uma cabeça no ar, a viver no mundo dos sonhos, num conto de fadas que nem dei conta que existia. Julgava-me cinderela sem sapatos... e por isso caí da escada. Tropecei. Caí. E fiquei no chão. Mas ele não foi atrás de mim, não correu. Não me salvou. Ele simplesmente seguiu em frente e eu fiquei ali, de joelhos cortados [ou coração rasgado?]...
Mas tudo não passam de teorias...
E na teoria da vida não há espaços para 'se' nem porquê.
E, a única certeza que hoje tenho, é que tudo na minha vida não passa de um talvez.
Porém, tudo são apenas teorias...
liberta-te coração
Já não penso nas juras e esqueci a dor que o amor te subjugou; já não sei como é ser sentida nem de como feliz foi o meu passado. Solta-me coração. Estou feliz por te ter, desiludida por estares completo. Como um parque de estacionamento carregado de automóveis impacientes e loucos por um lugar. És como se fosses uma cruzeta e o sentimento, um vestido daqueles cobertos de lantejoulas, vistosos e pesados. Vá lá coração, foge comigo. Vamos abandonar o que sentimos, vamos ser felizes e procurar companhia. Peço-te isto há tempo suficiente para me ouvires e concretizares a minha súplica. Já não há uma música que me sossegue, tempo que me acalme nem história que me afira. E juro coração, já não o quero amar. Vou procurar em todos os livros a receita para ser feliz, prometo-te. Mas até lá, desamarra-te do abismo e não tropeces novamente no medo. Não deixes que o amor te sugue o alento nem que todo o entusiasmo se vá cada vez que chore de saudade. O amor tem prazo de validade. E tal como não como iogurtes que já a tenham passado, não vou lutar por um amor sumido. Vá coração, dá-me força e coragem, vem comigo. Vamos ser felizes! Desta vez, por favor, dá genica ao esquecimento e combustível a ti próprio e foge, foge do sentimento.
domingo, 16 de maio de 2010
sábado, 15 de maio de 2010
(i)maturidade
As pessoas deviam ter tanta maturidade para acabar, como têm para começar uma partida.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
os comboios são os sítios que tudo podem.
as nuvens estão deliciosas neste final de tarde. como algodão doce, mas um pouco mais delicado. os comboios em andamento dão-me as palavras que não conhecia, para lá da paz de espírito tão rara em mim. queria tanto ver-te. agora. nesta carruagem vazia. não me interessa para o que vou, muito menos onde fico. faço planos impossíveis, porque os comboios afinal podem tudo. se tivesse de acontecer, seria agora.
o cansaço de todas as ilusões e de tudo que há nas ilusões - a perda delas, a inutilidade de as ter, o antecansaço de ter que as ter para perdê-las, a mágoa de as ter tido, a vergonha intelectual de as ter tido sabendo que teriam tal fim.
tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa.
tudo me interessa e nada me prende.
as nuvens estão deliciosas neste final de tarde. como algodão doce, mas um pouco mais delicado. os comboios em andamento dão-me as palavras que não conhecia, para lá da paz de espírito tão rara em mim. queria tanto ver-te. agora. nesta carruagem vazia. não me interessa para o que vou, muito menos onde fico. faço planos impossíveis, porque os comboios afinal podem tudo. se tivesse de acontecer, seria agora.
o cansaço de todas as ilusões e de tudo que há nas ilusões - a perda delas, a inutilidade de as ter, o antecansaço de ter que as ter para perdê-las, a mágoa de as ter tido, a vergonha intelectual de as ter tido sabendo que teriam tal fim.
tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa.
tudo me interessa e nada me prende.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Naquele banco antigo e discreto
Com a mente a flutuar
Por entre o pensamento mais secreto
*
Estava ali, absorvido em si próprio
Lado a lado com a solidão
Naquele jardim refinado
Em que toda a planta crescia em vão
*
Continua à espera,
de alguém que não virá
de alguém que já partiu
E que jamais voltará
Com a mente a flutuar
Por entre o pensamento mais secreto
*
Estava ali, absorvido em si próprio
Lado a lado com a solidão
Naquele jardim refinado
Em que toda a planta crescia em vão
*
Continua à espera,
de alguém que não virá
de alguém que já partiu
E que jamais voltará
A vida é um barco vazio. Um barco vazio que deriva no mar, sem passageiro, sem comandante, sem água que se mova, sem nuvem que chova…
A vida é assim, um telefone, uma televisão, um auricular. A vida é um sofá, uma cadeira, um comando na mão. A vida já não são pessoas, não são beijos nem apertos de mão. A vida já não é ouvir um bater do coração… É assim que as pessoas quiseram, é assim que elas voltam a querer.
Antigamente a avenida enchia-se de pessoas , pessoas que gostavam do sabor do chafariz que se incendiava em água, agora não. Agora a avenida enche-se das folhas que caem de um Outono longínquo… E a vida não parou, adormeceu…
Há quem durma nas ruas, há espera de que alguém venha até ele, há quem toque e se pinte, há quem entretenha e brinque… E o que nos salva são algumas das crianças que ainda correm apressadas com castanhas pelas mãos, com sorrisos e abraços, com a magia que há muito não vemos. O tempo anda incerto e a vida anda incerta com ele.
A vida não está para nós como as pétalas estão para a rosa. E são muitas as vezes que nós deixamos a vida dormir lá fora, fora da nossa porta. Achamos-nos sempre superiores a ela, sempre superiores aquilo que não está de acordo com os nossos desejos e ambições. É verdade que as salas de aula muitas vezes estão vazias, mas aí, a vida não fica lá fora, ela entre, entre e comunga do saber da aprendizagem.
Com os anos, a vida não envelheceu, cada vez foi sujeita a plásticas, a mudanças, muitas vezes drásticas e hoje, mesmo que o dia esteja gélido, a lareira não é o nosso recanto, quem sabe, este computador onde escrevo, seja mais importante que a própria vida.
Resta-me um cálice de esperança, com que saúdo o amanhecer e o anoitecer, com que vivo, cheia de contrastes, entre um tudo, um nada e uma vida, que tento não deixar fora nas portas, mas a voar, pelas ruas ainda vazias cheias de vida…
A vida é assim, um telefone, uma televisão, um auricular. A vida é um sofá, uma cadeira, um comando na mão. A vida já não são pessoas, não são beijos nem apertos de mão. A vida já não é ouvir um bater do coração… É assim que as pessoas quiseram, é assim que elas voltam a querer.
Antigamente a avenida enchia-se de pessoas , pessoas que gostavam do sabor do chafariz que se incendiava em água, agora não. Agora a avenida enche-se das folhas que caem de um Outono longínquo… E a vida não parou, adormeceu…
Há quem durma nas ruas, há espera de que alguém venha até ele, há quem toque e se pinte, há quem entretenha e brinque… E o que nos salva são algumas das crianças que ainda correm apressadas com castanhas pelas mãos, com sorrisos e abraços, com a magia que há muito não vemos. O tempo anda incerto e a vida anda incerta com ele.
A vida não está para nós como as pétalas estão para a rosa. E são muitas as vezes que nós deixamos a vida dormir lá fora, fora da nossa porta. Achamos-nos sempre superiores a ela, sempre superiores aquilo que não está de acordo com os nossos desejos e ambições. É verdade que as salas de aula muitas vezes estão vazias, mas aí, a vida não fica lá fora, ela entre, entre e comunga do saber da aprendizagem.
Com os anos, a vida não envelheceu, cada vez foi sujeita a plásticas, a mudanças, muitas vezes drásticas e hoje, mesmo que o dia esteja gélido, a lareira não é o nosso recanto, quem sabe, este computador onde escrevo, seja mais importante que a própria vida.
Resta-me um cálice de esperança, com que saúdo o amanhecer e o anoitecer, com que vivo, cheia de contrastes, entre um tudo, um nada e uma vida, que tento não deixar fora nas portas, mas a voar, pelas ruas ainda vazias cheias de vida…
sexta-feira, 7 de maio de 2010
As pessoas pedem-nos sempre alguma coisa e nós damos sempre tudo o que temos. Não importa a situação ou o pedido, o importante é dar, dar para realizar. O que importa , no fim de tudo, é que acabamos sozinhos. Num mar de solidão, de vazio e onde a alma sai. A alma deixa de nos ocupar a mente, deixa de nos estar sob os longos olhos , hoje, polidos, sem transparência, sem profundidade. Um simples nada. Uma simples partida. Uma longa chegada (...)
Damos-nos sem querermos nada em troca, mas quando precisávamos de uma minuciosidade, tudo nos deixa sozinhos. Talvez sejemos a nossa própria luz, talvez sejamos a nossa própria solidão. Talvez assim regressemos à terra-mãe, a única que tem sempre algo para nos dar, nem que seja, aquilo que é sempre ''nós''.
Damos-nos sem querermos nada em troca, mas quando precisávamos de uma minuciosidade, tudo nos deixa sozinhos. Talvez sejemos a nossa própria luz, talvez sejamos a nossa própria solidão. Talvez assim regressemos à terra-mãe, a única que tem sempre algo para nos dar, nem que seja, aquilo que é sempre ''nós''.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Esconderijos
Porquê que as pessoas se escondem dos sentimentos e consequentemente os sentimentos se escondem das pessoas ?
Talvez porque o céu ainda consiga brilhar, mas o que essas pessoas ainda não sabem é que a noite ainda está para chegar.
Talvez porque o céu ainda consiga brilhar, mas o que essas pessoas ainda não sabem é que a noite ainda está para chegar.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
outrora a noite
Não tenhas medo de dizer que transformaste a noite num frenesi de emoções. Ela estava alta, esguia, escura e calada quando a sugaste e provocaste e a fizeste revoltar. A noite te envolveu em sonhos e tu cegaste o teu próprio coração. Ela mostrou-te as estrelas, confiou-te confidências e mais do que um desejo te inseriu no coração. Hoje amas, hoje também o dizes. Hoje, graças à noite, o teu mundo já não são ruínas e a lua é a tua melhor amiga.
domingo, 2 de maio de 2010
acordei com uma vontade louca de ver real o sonho. ilusão. recorri às palavras que outrora me dedicaste, aquelas que prometi a mim mesma nunca mais olhar. sempre que tentava, o ridículo de toda a situação fazia-me sufocar em risos fingidos que escondem a saudade. desta vez foi diferente, o sorriso foi verdadeiro por tornar frescas as memórias de um passado que parece tão longínquo. um ano. ri-me com as piadas como se da primeira vez se tratasse, sorriso verdadeiro como se estivesses perto mais uma vez. li daqui, li dali, nunca em linha recta, tive pena que acabasse. que acabasses. não acabei, fiquei muito longe do fim, mas descobri uma pergunta de ternura. desculpa não te ter dado a resposta, responder nunca foi o meu forte, mas só a descobri agora. o tarde demais existe e quem discordar é tudo aquilo que eu não sou. por não conseguir ser. fiquei feliz a manhã inteira, tenho pena que a felicidade seja momentos que se perdem no tempo. nunca pensei ter de vir a pedir desculpas por tudo o que não te disse num blog que todos lêem, menos tu. quase ridículo como toda a nossa história. que história? citando Manuel Alegre, uma história sem história.
dia da mãe
haverá no mundo lugar mais seguro,
que o regaço de uma mãe?
calem-se as paredes e as portas fechadas,
cale-se a noite de que nos fazem reféns,
calem-se pessoas, fiquem todas caladas,
abram-se os braços de todas as mães.
haverá para mim lugar mais seguro,
que o regaço de minha mãe?
(neste dia, uma homenagem especial a todas as mães do mundo.)
que o regaço de uma mãe?
calem-se as paredes e as portas fechadas,
cale-se a noite de que nos fazem reféns,
calem-se pessoas, fiquem todas caladas,
abram-se os braços de todas as mães.
haverá para mim lugar mais seguro,
que o regaço de minha mãe?
(neste dia, uma homenagem especial a todas as mães do mundo.)
sábado, 1 de maio de 2010
Falhar é fácil,
mas lidar com isso não é bem assim
Pois perder uma batalha
É complicado para todos e para mim
É bonito dizer que sim
Que conseguimos acreditar
Mas isso está longe da verdade
Pois parece que a falha vem para ficar
Por vezes não consigo
E perco simplesmente
E a desilusão é que reina
E tudo se torna deprimente
E o medo persegue-me
E isso ele sabe fazer
Pois eu acredito pouco
E tenho medo de voltar a perder
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