quarta-feira, 23 de março de 2011
Néaltrú # 4
Tento, luto e resisto. Mas às vezes também desisto. Sou fraca por natureza, mas aos olhos de todos pareço uma fortaleza.
Alma de c[a]rente. Espírito errante. Sou passageiro e sou tripulante.
Navego em mar alto, sem remos nem âncora. Sou bússola estragada numa nota desafinada. Ando sem mapa, desorientada.
Passageiro e tripulante, num mar errante. Crente. Demente!
Ando por trilhos e por becos. Labirintos submersos. Atiro-me de arranha céus, sem partir nem estilhaçar. Pedra que não precisa de amolar. Dou-me aos pobres e dou tudo o que tenho. Despidos de alma, estranhos.
Sou tripulante, sou navegador. Sou barco sem remos com falhas no motor. Sou andorinha sem asas, lutador fracassado nas batalhas.
Estilhaços, pedaços de pó. Coração de porcelana que na ponta deu um nó.
Sou tripulante, âncora atirada ao [m]ar. Sou navegador proibido de caminhar. Sou a raiz quadrada numa equação impossível, linha torta acertada com nível. Bússola errante, partida. Carta fora do baralho, perdida!
Corpos no chão, resquícios da batalha que passou. Sou tudo e do tudo nada sou.
terça-feira, 22 de março de 2011
domingo, 20 de março de 2011
sábado, 19 de março de 2011
Intrigam-me os pensamentos, as motivações e as expectativas de cada um dos detentores dos corpos sedentos de prazer que passam pelos meus lençóis na tentativa de se satisfazerem carnalmente. Não me consigo abstrair do que sentem de cada vez que pensam conseguir possuir o mais profundo de mim, de cada vez que em poucos gestos atingem o que para eles é um apogeu de sensações e para mim é só a satisfação de mais uma necessidade inerente a pobre raça humana. Tento ser eu a penetrar-lhes a alma, deles que para mim não passam de meros prostitutos gratuitos, e de forma brusca tento entender o que lhes dizem as sinapses, se não é mais do que o roçar de dois corpos na busca incessante de prazer ou se os gemidos que lhes saem da boca querem dizer mais do que isso. Não me canso de procurar a resposta, é isto a celebração de algo ou apenas o atingir de um simples orgasmo?