quarta-feira, 16 de julho de 2014

effusus #37

Eu odeio o ser e o estar,
Porque implicam ser isto e não aquilo,
Estar aqui e não ali
E toda eu desejo a omnipotência
E a omnipresença
O ser tudo e coisa nenhuma
O estar em todo o lado e em lado algum
O pertencer a todos e não pertencer a ninguém.

Quero o agora, o passado e o futuro
Quero a simultaneidade das coisas
E a eternidade das sensações remotas.
Não quero perder nem um grão de areia
Por preguiça de abrir os olhos
Ou por languidez dos sentidos
Ou por fatalidades da razão
Ou por meras paixões tépidas.

Não quero perder nem um grão de areia
Por algo que não valha um milhão deles,
Não enclausurados num pote
Mas sim dispersos, a flutuar
Nas galáxias mais distantes da nossa.
Ah! Estar viva e sabê-lo...

3 comentários:

  1. A utopia não se atinge.
    Mas só ganhamos em persegui-la.
    Leonor, gostei do teu poema, é excelente.
    Beijo.

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  2. Como me identifico contigo :')
    "O ser tudo e coisa nenhuma
    O estar em todo o lado e em lado algum
    O pertencer a todos e não pertencer a ninguém."
    Segui :)

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  3. obrigado por este excelente grão de areia, Leonor :)

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