quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Imagine

Imagina-me sentada na beira de um lago frio, molhando apenas os tornozelos. Imagina depois que acabei de fumar um cigarro solitário para dar à memória todo o romantismo que precisa para te escrever.
Imagina tudo isto para que possas perceber o tom em que te escrevo. 
E lê cada palavra ao som de uma qualquer música romântica. 
Imagina que apago agora o cigarro mal fumado no chão, como se aquele fumo que deixo sair da minha boca tivesse encontrado ali uma casa.
Uma casa que já fora tua, lembras-te?
Mudaste o meu mundo, a minha casa, o meu coração. Fizeste de tudo isso o teu mundo, a tua casa, o teu coração.
A água gelada fez-me puxar os joelhos para o peito e escrevo-te agora (ainda) mais do coração.
O céu estava cada vez mais carregado de nuvens. 
É este o céu que me recorda com mais facilidade aquilo que fomos. Não porque fomos tempestade, mas porque fomos vida no meio da chuva. Porque partilhámos foi o frio. E porque o sol que, regra geral, acompanha os apaixonados nunca foi grande patrocinador.
O último foi num dia de sol. O primeiro num de nuvens.
Tiro o último cigarro e dou ao vento o prazer de me gelar ainda mais os dedos. Deixo sair o fumo e apago-o. Rasgo a folha e deixo-a ali. Era grande demais para ti.

4 comentários:

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