Sim, está tudo bem. Sorrisinho aqui, aceno de mão ali, gargalhada vazia acolá. Tudo no seu sítio, a vida a correr bem, caras bonitas e jovens, cheirinho a Verão no ar. E quem olhasse de longe para mim, no meio da multidão, havia de dizer que tinha graça, pitada de meninice e maturidade, havia de gabar a minha fita cor-de-rosa, comentar o que trazia vestido, reconhecer que não me destacava por nada em especial. Sim, uma rapariga normal, com sorriso rasgado e vida feliz. E eu, se os ouvisse, havia de dizer que tenho fingido estados de ânimo positivos, que para mim tem sido sempre Inverno. Os meus olhos conheceram a tua água hoje pela primeira vez enquanto, de pente preto na mão direita, domesticava o cabelo que me saiu na rifa. Mas não chorei. Inspirei fundo, pus uma música tola qualquer na rádio e olhei fixamente a luz. Resultou. Nem pinga. Ainda estou a salvo. A tua ausência mata e eu não sabia. As recordações passam em câmara lenta pelos vidros das montras de rua, pelas partituras que tenho que enfrentar, pelos espelhos que antes reflectiam a nossa imagem.
A tua ausência mata e eu não sabia.
Eu não sabia quando te disse que sim.
chorar não faz mal a ninguém. Só estarás realmente a salvo (de ti mesma) quando estiveres confiante o suficiente para chorar tudo.
ResponderEliminaro texto tocou, muito bom :)
«A tua ausência mata e eu não sabia.
ResponderEliminarEu não sabia quando te disse que sim.»
somos todos ingénuos, quando damos a resposta.
beijinho Mara!
Fingimos sempre que estamos bem quando dentro de nós existe um conflito de emoções. Eu tambem sou assim, prendo a dor que tenho nem sei bem porque.
ResponderEliminarMas a verdade é que chorar faz bem, é o melhor remédio para a dor.