sábado, 12 de fevereiro de 2011

Olho-te nos olhos e digo-te que está tudo bem. Que choveu mas não molhei os pés. Que fez vento, mas o cabelo continuou alinhado. Que esteve frio, mas eu não andei pela rua. Que algumas pessoas faltaram, mas tinham compromissos inadiáveis. Que não estou a sorrir, mas é do cansaço.

Olho-te nos olhos e minto-te, na ânsia que um dia me consideres digna do teu amor. Que aches que também eu foi dotada de um bocadinho da perfeição dos teus genes. Faço da minha vida um conto idílico e tento que não descubras que não sorrio porque não olhas para mim como olhas para os outros.

Olho-te nos olhos enquanto me convenço que um dia todo este suplicio terá um fim, que um dia não terei de fingir ser um clone de ti e serei aceite à mesma nessa sala. Projecto no futuro o dia em que entrarei pela porta com os pés encharcados, o cabelo desalinhado, a tremer de frio, com a expressão de que nada correu bem, e terei à minha espera um abraço e um beijo na testa, e é esse pensamento que me dá alento.

Olho-te nos olhos na esperança que me ames.

6 comentários:

deixa tu também letras soltas no caminho