segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

para o rui, quando em criança



lembro-te agora rui, com nove anos,

lembro os jogos na hora do recreio
que acabavam ao tocar da campainha.
lembro os teus olhos e a tua mão na minha
que seguravas firmemente até à sala.

lembro-te agora rui, com nove anos,

quando saíamos juntos da escola
e nos esperava ansiosa a tia lena.

lembro os jogos de futebol
no corredor da senhora-a-branca
e na sala de jantar da avenida.

quando os dias e as horas se seguiam
e ainda era só nossa a nossa vida.

lembro-te agora rui, com nove anos,

lembro o nosso barco inventado
em que juntos navegávamos as tardes
por detrás do encosto do sofá

lembro sempre uma ou outra discussão
e aquele tom jocoso em que falavas
ao chegarem as senhoras da reunião

lembro-te agora rui, com nove anos,

lembro também que na hora de dormir
brincávamos a proteger os peluches
dos homens que os queriam raptar

ou falávamos do canal de televisão
que um dia decidíramos gravar.

lembro-te agora rui, com nove anos,

lembro a bebé que ainda nem dois anos tinha
e já estava decidido: era tua e minha!

lembro que me ensinaste os números negativos
lembro o gato e lembro a chegada do cão
lembro os teus marcianos primitivos

lembro também que quando a susana vinha,
lá brincávamos num bulício aos cãezinhos.

e lembro mais, lembro muito mais

lembro-te agora rui, com nove anos,

às vezes mesmo antes de adormecer
penso que não cresceste e eu não cresci
imagino que te abraço no silêncio
e é como se estivesses mesmo ali
volto a ser quem sou e sempre fui

fecho os olhos e digo, good after rui.

7 comentários:

  1. É impressão minha ou já não são mais - ele já não é mais - aquilo que sempre foram?

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  2. já não somos os irmãos que andavam na mesma escola, já não tenho aquele balão azul que ele me foi entregar à sala no meu primeiro dia de aulas do primeiro ano, já não temos sequer o cão que está na terceira foto, já não somos as crianças que partilhavam o quarto nem tampouco partilhamos o tecto, porque ele está em Inglaterra a estudar; já não sou aquela criança inocente que em Bristol respondeu good after rui quando ele me disse good afternoon.
    Mas prefiro falar do que ainda somos: ainda somos dois irmãos que se amam, ainda somos inseparáveis, ainda durmo todas as noites com o Tigrinho, o peluche que está na mão dele na última fotografia! ainda somos muito, e seremos sempre!

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  3. (atenção: vim aqui dizer que era impressão :P)

    Há que falar do que são, não do que eram, irmão babado :)

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  4. Eu também imagino-me sempre com a minha irma pequena mesmo que não nos entendessemos na altura e andassemos maior parte do tempo a garreia porque eu tinha (e ainda tenho) a mania de que ela era pequenina e precisava de apoio e mesmo tendo 16 anos ainda dou por mim a achar que precisa de protecção e vê-la-ei sempre como a pequenina que precisa de apoio. E sim tambem sou uma irma babadissima!

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  5. este irmão é mais velho, comigo acontece o contrário mais ou menos (:

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