Via-te como a minha maior inspiração, num horizonte longínquo, distante dos pensamentos mundanos. Fingia esquecer-me de todos os segundos passados no telhado, de mãos dadas e corações amarrados, olhando a lua e contando as estrelas. As nossas contas nunca eram compatíveis por isso ficávamos ali, tempo indefinido, a discutir o porquê de um vinte e cinco não ser igual a um vinte e seis, a teu ver, redondinho. Pedias-me sempre para te cantar ao ouvido melodias calmas capazes de enlouquecer um coração tremido, gelado e sentido. Comparava sempre esse momento à nossa infância, quando brincávamos com bolinhas de sabão. Deixaste os monstrinhos da tua folha de papel e juntaste-te a mim e às bolas de sabão, que dentro de si traziam sempre um sonho. Conforme o sítio onde elas rebentassem, imaginávamos qualquer coisa que nos levava a pensar que o mundo ia ser melhor. E era... mas só o nosso.
Hoje deixo-te com uma bolinha de sabão, brilhante e bem especial, que rebentou no meu coração!