quarta-feira, 7 de abril de 2010

Terras


Vagueio contigo pelas ruas daquilo a que alguns chamam a nossa terra. Pequena, confusa, repleta de mulheres de mãos nas ancas e vozes em tons elevados e seguros. Mas nossa. Como eu gostava de dizer que sou tua. Creio que, por vezes, achas que o sou, quando afundo a minha boca no teu perfume adocicado ou quando me dizes que o meu cabelo e as ondas do mar nasceram no mesmo dia, do mesmo ventre. Mas eu deixo a cabeça tombar para trás num riso sentido, alegando que sou filha única, que o mar e eu não somos irmãos. Fazes-me perguntas difíceis enquanto passam na rádio sentenças do nosso amor incógnito, perguntas para as quais eu tenho respostas. Nunca as digo. Baixo os olhos e vejo já a tua mão gentil pousada na minha, apertada por vezes, contida, num entendimento divino de quem percebe e compreende medos antigos, batalhas travadas, lutas interiores.
Queria muito chamar-te casa. Poder voltar para ti a cada anoitecer. Tornar-me um hábito dentro de ti. Ser a tua terra, deixar que me cultivasses, dar bom fruto. Ser tua, ainda que pequena, confusa, de mãos nas ancas e voz em tons elevados e seguros.

7 comentários:

  1. Mal acabei de ler o texto disse [só o facto de ter falado em voz alta depois de ler um texto já tem muito que se lhe diga] : " Oh... que espectáculo"
    Está tão bom! Amei, amei!

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  2. Divinal!! Fantástico! Mágico! Espectacular! Suculento xD!

    Amei, amo e amarei! Parabéns! :)

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  3. Simplesmente unico, lindo, esplendoroso. amei, amei

    (:

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  4. "Queria muito chamar-te casa. Poder voltar para ti a cada anoitecer. Tornar-me um hábito dentro de ti. Ser a tua terra, deixar que me cultivasses, dar bom fruto. Ser tua, ainda que pequena, confusa, de mãos nas ancas e voz em tons elevados e seguros."

    Texto definitivamente PERFEITO

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  5. wow! fantástico! Parabéns! Sentido e lindo...:)

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deixa tu também letras soltas no caminho