terça-feira, 10 de agosto de 2010

desvaneio nocturno.


A noite vai cada vez mais longa e aproxima-se o dia. As horas passam e a vontade de dormir tarda a chegar. Ao longe, a lua continua cheia e vislumbram-se milhares de pontos de luz, que na realidade são corpos celestes magnificamente deslumbrantes. Ao fundo, outros tantos pontos de luz demonstram a dimensão actual da humanização. Lá fora, a noite avança e ouvem-se os sons que pronuncia, lentos e vagabundos, misteriosos e incessantes. Cá dentro, o silêncio do vazio e os instantes que passam, levam-me até ti. Levam-me em direcção a ti, vezes e vezes sem conta, para depois me tornarem a levar. E novamente, entro no ciclo avassalador em que me deixes, no ápice momentâneo sem limites, no furação sem medo em que me queres prender.
Resisto, a pouco e pouco, aos teus actos, às tuas promessas, ao que deixaste para trás sem piedade e prometo a mim mesma que não fracassarei. Continuo, na guerra virtual com as palavras e tento encontrar as respostas que tu nunca foste capaz de dar. Escondo, o medo do vazio e defendo ofensivamente a minha dignidade.
Para trás, deixo a mágoa do perdido, o orgulho que não fomos capazes de vencer, a memória do inesquecível e a saudade do que me fizeste viver. Pela frente, muito há a construir, um mundo existe para além de ti. E se eu nunca te guiei, nem por um momento, tu deixarás de ser o meu astro-rei. Para lá da janela, o sol rompe o horizonte e um novo dia prepara-se para nascer. Dentro do quarto, o vazio esconde-se e dá lugar a tudo o que trago cá dentro.
Deito a cabeça na almofada, fecho os olhos e espero que o sono venha, me traga a calma e te leve de mim, por uma noite.

Quando também tu fechares os olhos, mantém a esperança, pois ela é um sonho que caminha...
E sê feliz,
Catarina Costa

4 comentários:

deixa tu também letras soltas no caminho