sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Retrato

«Acho que complicas demasiado o que é simples. Às vezes é preciso deixares-te levar.»
Eu sou assim: demasiado lógica. Mas sou apologista de que nem tudo tem uma explicação. Mas procuro sempre achar o ponto da questão, embora me deixe vencer pelo: “só porque sim”.
Preciso de entender as entrelinhas da tua boca e as falas do meu coração. Preciso de ouvir as badaladas da minha cabeça e seguir os movimentos do meu corpo.
Gosto de te analisar; Gosto de te compreender. Preciso de ver como é a correlação entre ti e os teus. É necessário para saber a diferença em
“nós”. É um processo meu – analisar-te em particular; analisar-te em interacção; e por fim analisar-te em mim.
Não complico. Apenas estudo as situações.
Faço-o, porque me deixo levar demasiado pelas sensações. Adoro agarrar os momentos e pensar em consequentes só em casos extremos.
Sou de contrários. Não me concilio em meios-termos; ou é 8 ou 80. Mas sou uma metade!
Gostava de me saber balançar, mas tudo o que peso são opostos divergentes – realeza e fantasia.
Tenho duas dualidades; dois olhares que se cruzam mas não se tocam. Não sei identificar “o melhor” – cada um tem o seu tempo, o seu espaço e a sua estação. Escolher um, era abdicar de um ponto de vista, de uma direcção.
Não gosto de preferir. Não me sei decidir. Enrolo, volto a arrolar e mastigo o assunto. Faço uma bola de pastilha e fico a triturar o conteúdo até ao longínquo. Deixo que tudo atinja o ponto máximo: bola de neve, e não calculo seguintes.
Sob pressão, faço um “dolitá” e deixo que a ventura me abençoe.
Em tudo o que escrevo, deito-lhe um pouco de fé. A credulidade dos meus sentimentos.
Sinto; sinto muitas vezes ao dia. Sinto as formas, os moldes e as figuras. E sinto a dor.
É pela mágoa, que prefiro que tudo se prolongue em mim. Amparo tantos golpes, que não posso deixar tudo se quebre “em ti”. Mas preciso simultaneamente de protecção, de auxílio e de socorro.
Adoro esta dependência de abrigo de sentimentos; mas preservo toda a liberdade que deixo em margem.
Por consequente, não gosto de me sentir demasiado desamparada. Mas como gosto de me encontrar no meu espaço – em que analiso o tempo e as figuras; crio amizade com tudo o que cogito; Sou amiga das minhas ideias.

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