quinta-feira, 2 de setembro de 2010

amo-te.

Levantei-me por um bocado. Já não sentia o que é estar assim tão sozinha há muito tempo. Eu estava sempre rodeada de pessoas, estava sempre a sorrir e nunca tinha enfrentado alguma coisa assim. Tenho a porta do quarto fechada, as portadas fechadas e os vidros fechados também. As cortinas continuam por correr, as portas dos armários continuam fechadas. Não há batôns ou vernizes por aqui, não há perfumes ou roupas preparadas a condizer com a tua. Não há nada que me faça ter vontade de sair. Porque sei que quando sair , já não te vou encontrar. Eu sei que um dia isto há-de passar, que talvez eu fique sozinha mas para já não me consigo habituar a uma mudança assim, tão repentina. Porquê que prometeste tanta coisa que não cumprias? Porquê? Se eu nunca te obriguei a prometer nada... Não sei porque que és assim comigo. Porque que mesmo me estando a perder tu não fazes quase nada, tu não mudas, tu não voltas. Não sei porque que já não me fazes sentir a tua menina, ou a tua simplesmente. Não sei porque que as tuas palavras são sempre um vazio intenso, um vazio ... Quem me dera ter forças para sair daqui. Forças para parar de chorar de uma vez. Tu nunca percebes. Não percebes que se fosse eu a tomar a tua posição tu também não ias gostar. Tu ias agir exactamente como eu, sabes porquê? Porque é da nossa natureza. Mas agora tu não estás em ti. Estás a ser algo que nunca foste. Estás a ser algo que eu nunca conheci. Não tenho consciência das coisas que faço, que digo até, mas sei que estás bem. Porque tu criaste dois mundos : eu e o teu. Eu misturei tudo e é por isso que estás assim. Sinto-me o segundo plano mais triste da tua vida. Porque tu preferiste fazer tudo acima de mim, acima de nós. Não sei. Não sei como consegues permanecer bem connosco assim, mas cada um sabe de si. Deixa-me perguntar-te uma coisa, levaste alguma coisa nossa contigo? Não pois não? É que eu acho que não sei onde ir, nem o que levar. Desculpa, não me sinto bem e gostava que pudesses fazer como eu : escrever assim alguma coisa que até pode não fazer muito sentido mas vem do interior.

Um dia vais perceber que não devias ter apagado as mensagens, só demonstrou que tinhas algo a esconder, de mim. Por isso é que as apagaste mas, eu não me quero meter na tua vida, não quero. Mas só queria que tivesses um bocado mais de consideração por nós.

Podias ter tido mais cuidado . Eu deixei-te entrar na minha vida, dei-te a provar todos os sabores que descobri, deixei-te conhecer cada milésimo de pedaço meu, da minha vida, do meu dia-a-dia. E tu mesmo assim deixas-te-me para trás. Vale a pena ? Valeu a pena? Eu sempre fiz tudo por ti e toda a gente sabe isso. Eu não sai nas férias todas porque não queria que te sentisses mal, porque tu dizias que depois, depois ia realmente ser fantástico. Que iamos até á praia juntos, que iamos sair muito, nos dias de chuva iamos ouvir a chuva bater nos vidros e nós agarradinhos lembras-te? E nos dias de sol não ia ser diferente...

Talvez eu não pertença á tua casa. Talvez porque nunca consegui entender as coisas que não dizes e que pensas que basta dizer por alto. Um dia sei que aquela manta cor-de-rosa tal como todas as minhas roupas vão continuar sempre com o teu cheiro, será que eu as vou vestir sempre? Não sejas indiferente a esta mensagem, não me respondas com uma palavra, com uma frase, ou com algo frio e insensível. dá-lhe valor. Está a ser escrita a olhar para tudo aquilo que construímos, para aquilo que vivemos.

Gostava de estar inserida na tua vida, mas não me sinto assim. Porquê que tu tinhas de ficar assim...

Depois de todos os medos...de todos os segredos...de todos os momentos... de todos os dias... de todas as roupas no chão... dos relógios trocados...de todas as surpresas... dos bilhetes que deixava em ti...no teu carro...no teu caderno... depois de todas as promessas...de todas as afirmações ‘’eu vou mudar’’... de todas as coisas que passamos. Está a valer a pena o que me estás a fazer? As respostas que não me dás e precisava de ouvir... Pensa se também gostavas...que fosse eu a fazer-to.

2 comentários:

  1. Adorei cada frase, cada palavra, cada sentimento.
    Nem sempre nos querem ouvir, compreender ou sequer nos respondem. Mas são importantes.
    Sei como isso é.
    Força.

    (Vou seguir-te uma vez que adorei os teus textos.)

    ResponderEliminar
  2. nem sabes como me revejo nesse texto!
    quanto mais de nós damos a alguém que se está a cagar para nós, mais rejeitados nos sentimos!
    Mas não podes deixar que isso te deite abaixo, levanta a cabeça e sorri porque há mundo para lá dele!
    gostei muito do texto!

    ResponderEliminar

deixa tu também letras soltas no caminho